O Hamas rejeita a afirmação de Netanyahu de que a libertação de Edan Alexander foi resultado de pressão militar israelita, sublinhando a importância das negociações com os EUA.
O movimento Hamas declarou hoje que a libertação do refém israelo-norte-americano Edan Alexander não está relacionada à “pressão militar” imposta por Israel, conforme afirmado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
No comunicado divulgado, o Hamas esclareceu: “O regresso de Edan Alexander é fruto de diálogos substanciais com o governo dos EUA e dos esforços de mediadores, e não uma consequência da agressão israelita ou da aparência de pressão militar.”
Netanyahu, logo após a libertação na segunda-feira, destacou que a saída do refém foi possível devido a uma “composição vitoriosa” de pressão militar e políticas do Presidente norte-americano, Donald Trump. O primeiro-ministro israelita descreveu o ocorrido como um “momento muito emocionante”.
Em um vídeo partilhado pelo seu gabinete, Netanyahu informou ter conversado com Trump, que manifestou o seu “compromisso com Israel” e a intenção de colaborar estreitamente com o seu governo.
O Hamas, por sua vez, frisou que a libertação de Alexander integra um conjunto de esforços contínuos para alcançar um cessar-fogo que permita a entrada de ajuda humanitária na região.
O grupo reiterou a possibilidade de libertações futuras de outros reféns, advertindo que a continuidade da agressão israelita pode agravar a situação, prolongando o sofrimento dos capturados.
Imagens veiculadas pela comunicação social local mostraram viaturas da Cruz Vermelha dirigindo-se ao local de entrega de Edan Alexander na Faixa de Gaza, uma operação que ocorreu discretamente, ao contrário de anteriores libertações que contaram com maior publicidade.
O Exército israelita confirmou que recebeu notificação da Cruz Vermelha sobre a libertação de um refém e que este estava a caminho de retornar à Faixa de Gaza, posteriormente anunciando que “o soldado Edan Alexander cruzou a fronteira para território israelita”.
A libertação foi interpretada como um gesto do Hamas em resposta aos Estados Unidos, um dos mediadores no conflito, após diálogos com representantes de Washington.
Este acontecimento coincide com a visita do enviado da Casa Branca para o Médio Oriente, Steve Witkoff, a Israel, e com a iminente viagem do Presidente Donald Trump a diversos países da região.
No comunicado, o Hamas expressou a sua vontade de "iniciar de imediato negociações para um acordo abrangente que assegure um cessar-fogo sustentável", incluindo a retirada do Exército israelita do enclave palestiniano, o fim do bloqueio, a troca de prisioneiros e a reconstrução da Faixa de Gaza.
O Hamas instou a administração Trump a prosseguir os seus esforços para acabar com a "guerra brutal" levada a cabo por Netanyahu contra civis na Faixa de Gaza.
Após uma trégua de dois meses que facilitou a troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos no início deste ano, Israel reatou as ofensivas contra o Hamas a 18 de março, visando forçar a libertação dos reféns ainda mantidos em Gaza desde o ataque de 07 de outubro de 2023.
As negociações indiretas entre Israel e o Hamas ainda não resultaram em progresso significativo, com ambas as partes a trocar acusações sobre o bloqueio no processo.
Das 251 pessoas sequestradas em Israel durante o ataque do Hamas, 57 permanecem detidas em Gaza, sendo que 34 delas foram já declaradas mortas pelo exército israelita.
Além disso, o Hamas mantém também os restos mortais de um soldado israelita que foi morto numa guerra anterior em Gaza, em 2014.