António Guterres, secretário-geral da ONU, manifestou a sua preocupação com os recentes ataques aéreos em zonas civis no Sudão, alertando para o aumento das baixas civis e a deterioração da situação humanitária.
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, manifestou esta quarta-feira a sua profunda preocupação com os relatos de ataques aéreos com 'drones' em Porto Sudão, sublinhando que esta escalada do conflito pode resultar em elevadas perdas civis e agravar a situação humanitária já crítica.
Após os ataques a um importante centro de ajuda na zona, Guterres juntou-se aos apelos, cada vez mais urgentes, por negociações de paz que ponham fim a mais de dois anos de conflito no Sudão, conforme comunicado oficial da ONU.
A cidade de Porto Sudão, que serve como um dos principais pontos de entrada da ajuda humanitária e abriga milhares de deslocados, tornou-se um foco da violência, especialmente após a perda de controlo de Cartum pelas forças militares em benefício das Forças de Apoio Rápido (RSF).
Nos últimos dias, as RSF intensificaram os seus ataques, incluindo um à zona do aeroporto internacional da cidade, levando à suspensão imediata dos voos do Serviço Aéreo Humanitário das Nações Unidas (UNHAS) nesta área. O Programa Alimentar Mundial assegurou que as operações seriam retomadas assim que as condições de segurança o permitissem.
Além de Porto Sudão, também foram relatados ataques em outras regiões do país, como nos estados de Kassala e do Rio Nilo. Guterres corroborou que "a situação continua terrível" em todo o Sudão e instou todas as partes envolvidas a respeitarem o direito humanitário internacional, destacando que atacar civis é inaceitável.
O secretário-geral expressou ainda a sua frustração com a "falta de vontade política" dos combatentes para dialogar, reiterando que o diálogo é essencial para a paz que o povo sudanês anseia.
A União Europeia também condenou os ataques, no contexto da expansão do conflito a áreas previamente inexploradas, enfatizando o impacto devastador sobre a população civil e os parceiros internacionais.
Com 25 milhões de pessoas a enfrentar fome aguda, o Sudão está a viver uma das maiores crises humanitárias do mundo, com mais de 30 milhões necessitando de assistência, incluindo uma significativa população infantil sem acesso a necessidades básicas como alimentos e cuidados de saúde.
A guerra, que teve início em abril de 2023, opõe actualmente o general Abdel Fattah al-Burhane e o seu ex-subordinado, o general Mohamed Hamdane Dagalo, líder das RSF, criando um cenário de extremas dificuldades para a população.