Rui Tavares critica o adiamento das celebrações dos 25 de Abril, marcado também pelos 50 anos do voto livre, e acusa o Governo de desrespeitar a democracia e a memória do Papa.
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, manifestou hoje a sua insatisfação face à decisão do Governo de adiar as comemorações dos 25 de Abril para o dia 1.º de Maio, alegando que o Executivo está a utilizar de forma inadequada a imagem do Papa Francisco.
Em entrevista, Tavares destacou que a data não celebra apenas a liberdade, mas também assinala os 50 anos do primeiro voto livre, justo e universal em Portugal – uma ocasião em que todas as mulheres puderam exercer o seu direito ao voto. Para ele, é “inconcebível que o Governo, que se fundamenta no voto, demonstre tanto desdém para com a democracia num dia tão significativo para o país.”
O porta-voz reforçou que há um momento único para celebrar os 25 de Abril, condenando a tentativa de associar a figura do Papa Francisco – alguém que também sofreu sob a ditadura e lutou pela democracia – a um luto que, segundo ele, não parece genuíno por parte do Governo.
Vale recordar que, em virtude do luto nacional decretado pelo falecimento do Papa Francisco, os jardins da residência oficial do primeiro-ministro, tradicionalmente abertos durante as celebrações, estarão acessíveis ao público apenas no dia 25 de Abril, entre as 10h00 e as 17h00, com distribuição de cravos, mas sem festividades nem a presença de Luís Montenegro, que se deslocará para Roma para assistir às cerimónias fúnebres.
Na terça-feira, o Governo aprovou o decreto que estabelece três dias de luto nacional, a vigorar entre hoje e sábado. O episódio tem suscitados críticas sobre a pertinência da combinação entre homenagens à liberdade, à democracia e o respeito devido ao Papa.