Economista do FMI destaca que, apesar das reservas externas adequadas, a elevada dependência do petróleo e os movimentos dos mercados impõem pressões no financiamento a curto prazo.
Em recentes declarações, o economista do FMI, Thibault Lemaire, alertou para dificuldades de financiamento a curto prazo em Angola devido a uma mudança na tolerância ao risco dos investidores, sobretudo em mercados periféricos da região.
No âmbito dos Encontros da Primavera do Banco Mundial e do FMI, realizados em Washington, Lemaire sublinhou que a elevada dependência do país do setor petrolífero o torna vulnerável, embora a última avaliação do artigo IV tenha considerado as reservas externas como suficientes.
Questionado sobre possíveis negociações ou a implementação de um novo programa de ajustamento financeiro, o economista afirmou que as autoridades angolanas não solicitaram tal programa. Ele ainda referiu que o corpo técnico do FMI continua a colaborar com o governo, focando na estabilidade macroeconómica e na resiliência a choques externos, mas estão prontos para aprofundar a cooperação se assim o for decidido pelas autoridades.
Quanto aos efeitos dos aumentos tarifários decretados pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, Lemaire explicou que os impactos se devem principalmente a efeitos indiretos, nomeadamente à pressão sobre os preços das matérias-primas, afetando exportadores de petróleo, como Angola e Nigéria. Outros fatores, como o abrandamento da procura mundial e condições financeiras mais restritivas, contribuem para um panorama de maior incerteza.
Em paralelo, a ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, reconheceu que a prolongada queda dos preços do petróleo pode forçar uma revisão do Orçamento do Estado, caso os preços se mantenham consistentemente abaixo dos 55 dólares o barril. Para o governo, a gestão orçamental poderá ser ajustada conforme a evolução dos preços, com eventuais recortes nas despesas de bens, serviços e capital, caso a situação o exija.