Férias do Opus Dei nas garras da justiça argentina por tráfico de mulheres

A justiça argentina anunciou a formalização de acusações contra Mariano Fazio, um dos líderes do Opus Dei, por tráfico de pessoas sob a forma de escravidão. A acusação, que remonta a uma investigação iniciada em 2022, envolve o recrutamento de pelo menos 43 mulheres menores que foram levadas a acreditar que teriam acesso a um lar seguro e educação. Em vez disso, as vítimas encontraram-se a desempenhar tarefas domésticas sem qualquer remuneração durante longos períodos, em resposta a ordens de membros do Opus Dei.

Fazio, que nasceu em Buenos Aires em 1960 e ocupa atualmente o cargo de vigário auxiliar da Prelazia da Santa Cruz e do Opus Dei, é considerado um dos principais colaboradores do líder supremo Fernando Ocáriz. Além dele, a justiça também indiciou ex-vigários regionais e um ex-secretário responsável pela secção feminina do Opus Dei na Argentina por crimes semelhantes.

A investigação revela que as mulheres, recrutadas entre os 12 e 16 anos, estavam em situações de vulnerabilidade económica e foram enganadas com promessas de um futuro melhor. Contudo, a formação que receberam limitou-se a tarefas domésticas. O ambiente de trabalho deteriorava-se pela manipulação psicológica e doutrinação que as submetia a uma profunda subjugação.

Uma das vítimas descreveu como se sentiu presa e sem esperança, afirmando que a liderança da Obra comparava abandonar a instituição a um ato suicida. Ela relatou ter procurado apoio psicológico após a sua experiência, feedback que se tornou crucial para a ampliação das acusações contra Fazio.

Em declarações recentes, procuradores envolvidos no caso informaram que o interrogatório de Fazio, que até agora tinha sido excluído da lista de intimações, está agendado, embora a data ainda não tenha sido divulgada. Fazio exerceu funções de vigário regional entre 2010 e 2014 e, posteriormente, foi vigário-geral até 2019, consolidando a sua posição dentro da hierarquia do Opus Dei.