Exército britânico recorre a empresa privada para apoiar operações em Gaza
O Reino Unido subcontratou uma companhia aérea dos EUA para missões de vigilância em Gaza, devido à escassez de recursos da RAF, visando a segurança de reféns do Hamas.

Recentemente, o governo britânico admitiu ter utilizado serviços de vigilância aérea sobre a Faixa de Gaza, com o propósito exclusivo de facilitar o resgate de reféns capturados pelo Hamas durante o ataque sem precedentes em território israelita, que ocorreu a 7 de outubro de 2023.
Segundo informações do jornal The Times, fontes anónimas do Ministério da Defesa confirmam que a Royal Air Force (RAF) já não dispõe do seu avião de espionagem Shadow R1. Desta forma, o Exército britânico decidiu entrar em contrato com a companhia norte-americana Straight Flight Nevada para realizar estas missões.
Uma das operações foi monitorizada a 28 de julho numa aplicação que rastreia tráfego aéreo, com o primeiro voo proveniente da base militar cipriota britânica de Akrotiri a ter lugar a 20 de julho.
Em resposta a consultas da agência de notícias francesa AFP, o Ministério da Defesa do Reino Unido confirmou a realização de voos de vigilância, ressaltando que estes têm como objetivo principal a localização dos reféns mantidos pelo Hamas, sem especificar os métodos utilizados.
Após o ataque de outubro, restam 49 pessoas em cativeiro, sendo que 27 foram já declaradas mortas pelo Exército israelita.
A decisão de recorrer a uma companhia aérea privada dos Estados Unidos não é bem vista dentro do Exército britânico. A deputada Helen Macguire, do Partido Liberal Democrata, expressou na rede social X que esta abordagem "levanta preocupações" sobre a eficiência da coleta de informações do Exército.
Macguire instou ainda o governo trabalhista a esclarecer as medidas implementadas para assegurar que as informações enviadas a Israel não sejam utilizadas em operações militares em Gaza.
O ministro das Forças Armadas, Luke Pollard, já havia afirmado no parlamento que "todas as informações partilhadas devem estar estritamente relacionadas ao resgate de reféns", sempre com a garantia de que seriam usadas de acordo com o Direito Internacional Humanitário. Estes comentários surgiram em meio a preocupações de vários deputados sobre as possíveis ramificações legais caso Israel utilizasse essas informações para atividades ilegais.