Ex-Militares Alertam para a Militarização e Riscos Associados na América
Militares reformados levantam preocupações sobre a militarização promovida por Trump, que afeta a imagem das Forças Armadas e o recrutamento nas tropas.

Um conjunto de militares reformados expressou, na passada quinta-feira, a sua preocupação acerca da política de Donald Trump, que consideram estar a "militarizar os EUA", especialmente no que diz respeito à imigração. Em uma conferência de imprensa virtual, Chris Purdy, diretor da The Chamberlain Network, uma organização que defende veteranos e suas famílias, alertou que Trump "percebe as Forças Armadas de forma excessivamente combativa, como se pudessem ser empregues a qualquer momento, em qualquer lugar, e por qualquer razão" e definiu essa visão como "extremamente perigosa".
O tenente-coronel Dan Maurer, ex-membro do corpo jurídico do Exército, sublinhou que "a utilização do Exército deve ser feita em condições extremamente limitadas", referindo-se à Lei de Insurreição. Maurer, que também leciona Direito, criticou a utilização atual de Marines e da Guarda Nacional em operações de imigração, afirmando que "parece ultrapassar a intenção do Congresso".
Destacou os acordos 287(g), que permitem a colaboração entre autoridades locais e o Serviço de Imigração e Controlo de Fronteiras (ICE), mas questionou a adequação da presença militar em funções policiais no território nacional.
Outro ponto de crítica foi a atuação de agentes federais com rostos cobertos e emblemas ocultos, uma prática que Joe Plenzler, veterano do Corpo de Marines, qualificou como "aumentando a probabilidade de confrontos violentos e dificultando a responsabilidade". Plenzler alertou que "se as pessoas não souberem se quem bate à sua porta é polícia ou criminoso, tomarão medidas para se proteger". Defendeu que "nenhum marine que se preze quer associar-se a alguém que esconde a identidade", frisando que "quem oculta o rosto normalmente faz algo do qual não se orgulha".
Brandi Jones, diretora da Secure Families Initiative, manifestou preocupação sobre como esta militarização impacta negativamente as famílias dos veteranos, afirmando que a abordagem de Trump "compromete o recrutamento e a retenção nas Forças Armadas, uma vez que os soldados não se alistaram para este tipo de missão".
Os militares reformados e especialistas jurídicos demonstraram uma crescente inquietação, considerando o "uso político do Exército" como uma prática "mal direcionada, arriscada e prejudicial para a democracia e a confiança pública". Purdy encerrou ressaltando que a celebração do Dia da Independência, amanhã, 4 de Julho, deve ser um momento para refletir sobre o futuro e as formas de tornar a América um melhor lugar.