O governo norte-americano anunciou novas sanções a indivíduos e entidades iranianas, reforçando a pressão para impedir o avanço do programa nuclear do Irão após negociações sem resultados.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou hoje novas medidas sancionatórias dirigidas a figuras proeminentes do Irão, com o objetivo de limitar o desenvolvimento de armas nucleares por parte de Teerão. Este anúncio sucede a uma ronda de negociações entre os dois países que não resultaram em avanços significativos.
Em comunicado, a equipa chefiada por Marco Rubio destacou que "o Irão tem vindo a expandir substancialmente o seu programa nuclear" e a desenvolver atividades de pesquisa e desenvolvimento que se aplicam a armas nucleares e sistemas de lançamento. O comunicado continua a frisar que o Irão é atualmente o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a 60%, utilizando estruturas de fachada para ocultar as suas intenções de adquirir tecnologias que possam ser usadas para fins bélicos.
As sanções visam especificamente três cidadãos iranianos e uma entidade associada à Organização de Inovação e Investigação Defensiva do Irão (SPND, na sigla persa), a qual é acusada de participar em atividades que podem às possibilidades de proliferação de armas de destruição maciça. A diplomacia norte-americana sublinha que estas medidas têm o intuito de atrasar e reduzir a capacidade da SPND em desenvolver armas nucleares.
A SPND é considerada a sucessora do programa nuclear do Irão anterior a 2004, também designado como Projeto Amad. O Departamento de Estado afirma que "as ações dos Estados Unidos reforçam o compromisso em impedir que o Irão obtenha armas nucleares."
Num momento em que a divergência entre EUA e Irão sobre o enriquecimento de urânio se intensifica, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, e o enviado norte-americano, Steve Witkoff, completaram uma ronda de negociações mediadas por Omã. Araghchi reiterou que o direito do Irão ao enriquecimento é "inegociável."
A administração Trump já manifestou resistência a qualquer forma de enriquecimento e exige que o Irão desmantele as instalações de Natanz, Fordo e Isfahan, que atualmente realizam o enriquecimento. Com o objetivo de concluir um novo acordo que impeça o acesso do Irão a armas nucleares, os EUA estão a pressionar Teerão, que sempre negou a intenção de desenvolver tais armamentos, em troca do levantamento das sanções que têm impactado severamente a economia iraniana.
Atualmente, o Irão enriquece urânio a 60%, muito abaixo dos 90% necessários para fins militares. O presidente Trump já manifestou a possibilidade de uma intervenção militar caso não se chegue a um acordo satisfatório.
Adicionalmente, Israel expressou a intenção de atacar as instalações nucleares iranianas caso suas preocupações de segurança aumentem, intensificando as tensões no Médio Oriente, já de si exacerbadas pela conflito em Gaza entre Israel e o Hamas.
O acordo de 2015 entre o Irão e o grupo P5+1, que limitou o enriquecimento a 3,67% e a quantidade de urânio armazenado a 300 quilogramas, foi abandonado pelos EUA em 2018 sob a administração de Trump. Desde então, o Irão tem progressivamente ignorado os limites estabelecidos.