Oposição Firme: Sara Duterte Determinada a Desafiar o Governo Após Eleições

A vice-presidente das Filipinas, Sara Duterte, anunciou hoje que "trabalhará sem descanso" para estabelecer uma "oposição forte e construtiva", após a divulgação dos resultados provisórios das recentes eleições intercalares.

Na passada segunda-feira, os eleitores filipinos participaram nas eleições que colocaram em confronto as dinastias rivais lideradas pelo Presidente Ferdinand Marcos Junior e pela sua antiga aliada, Sara Duterte, agora a enfrentar uma possível impugnação.

“Continuaremos a responsabilizar o governo [e] a defender questões relevantes”, declarou Duterte através de um comunicado. “Apesar do resultado não ter sido o esperado, o nosso compromisso com o povo é inabalável”, acrescentou, fazendo uma convocação para a formação de uma "oposição poderosa e baseada em princípios".

Embora o foco principal das eleições recaia sobre o Senado, com implicações futuras para as presidenciais de 2028, também estão em jogo autarquias e lugares na Câmara dos Representantes, a câmara baixa do Parlamento filipino. Os 12 senadores a serem eleitos, em conjunto com os 12 já existentes, formarão o júri do julgamento que poderá resultar na destituição de Sara Duterte, de 46 anos, de qualquer função pública.

Com 80% dos votos já apurados, os resultados provisórios indicam um empate entre os candidatos apoiados por Marcos Jr. e aqueles do clã Duterte para o Senado.

Em fevereiro, a Câmara dos Representantes tinha aprovado a destituição da filha do ex-presidente Rodrigo Duterte por suspeitas de crimes, incluindo corrupção e planos para assassinar Marcos. Para se candidatar às presidenciais de 2028, Sara Duterte precisa de reunir o apoio de nove dos 24 senadores.

O pai de Sara, Rodrigo Duterte, que foi chefe de Estado entre 2016 e 2022, encontra-se detido e transferido para o Tribunal de Haia, na Holanda, acusado de crimes contra a humanidade relacionados com uma violenta campanha antidrogas durante o seu mandato.

Apesar da sua detenção, Rodrigo Duterte foi reeleito presidente da câmara de Davao, cargo que ocupava antes de se candidatar à presidência.

Por outro lado, a eurodeputada portuguesa Marta Temido (PS) será a líder da primeira missão de observação eleitoral da UE nas Filipinas, um passo significativo nas relações entre a União Europeia e o país asiático, conforme indicado pelo Serviço de Ação Externa Europeu.

Marta Temido, que liderou a lista do PS nas eleições para o Parlamento Europeu de junho de 2024, foi designada pela alta representante da UE para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas. Ela descreveu a missão no 13.º país mais populoso do mundo como “um grande desafio”. Temido afirmou à Lusa que a missão da UE irá abordar publicamente as eleições na quarta-feira, 14 de maio.