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Escassez de água em Gaza gera crise humanitária sem precedentes

Médicos Sem Fronteiras denuncia a falta de água em Gaza, acusando Israel de bloquear ajuda humanitária e sublinhando o aumento de doenças devido à escassez de água.

há 1 hora
Escassez de água em Gaza gera crise humanitária sem precedentes

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) expressou hoje a sua preocupação com a grave crise de água em Gaza, acusando Israel de estar a "privar deliberadamente" a população do acesso à água, caracterizando a situação como uma "campanha genocida". A ONG fez um apelo a Telavive para que permita a importação de equipamentos essenciais que possibilitem a distribuição e o fornecimento de água potável.

No comunicado emitido, a MSF enfatizou a urgência de Israel parar a destruição das infraestruturas de água e de permitir a reparação imediata das instalações danificadas. A organização recordou que "a água e outros bens essenciais não devem ser usados como arma de guerra", advertindo que a disponibilidade de água em Gaza, após mais de 22 meses de destruição e restrições, é "totalmente insuficiente".

A MSF revelou que outras entidades humanitárias poderiam aumentar a oferta de água potável na região, mas que o bloqueio de Israel à importação de materiais essenciais para o tratamento de água obsta esse progresso. A organização informou que tem tentado, "há meses", estabelecer novas unidades de tratamento de água, mas, atualmente, as suas instalações apenas conseguem fornecer água suficiente para 65.000 pessoas, ou seja, 7,5 litros por dia, o que é "apenas uma fração do necessário".

Além disso, a ONG destacou que Israel tem controlado o fluxo de água para Gaza, situação que tem agora dificultado ainda mais o fornecimento à população local. Desde outubro de 2023, duas das três condutas de água que abastecem a região sofreram danos repetidos, com estimativas que indicam que cerca de 70% da água nessas condutas se perde devido a fugas resultantes de ataques.

Com o aumento da escassez de água, a situação de saúde pública no enclave agrava-se, com a MSF a registar mais de 1.000 consultas semanais apenas por diarreia aquosa aguda no último mês. A falta de água também tem contribuído para o surgimento de doenças de pele, como a sarna.

Um recente relatório da UNRWA destacou as condições "catastróficas" de saúde pública em Gaza, realçando que, nas últimas semanas, a região enfrentou uma onda de calor com temperaturas superiores a 40 graus Celsius, o que levou a um aumento da desidratação.

A UNRWA revelou que, em média, ocorrem 10.300 casos de doenças infecciosas semanalmente, resultado do difícil acesso à água potável e das precárias condições sanitárias. A guerra em Gaza, que se intensificou após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, resultou numa devastação considerável, com cerca de 62.122 fatalities e 156.758 feridos reportados.

Os bloqueios continuados de ajuda humanitária por parte de Israel têm contribuído para a morte por fome de muitas pessoas na região, com o Ministério da Saúde de Gaza a reportar a morte de pelo menos 269 indivíduos, incluindo 112 crianças, desde o início da ofensiva.

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