Erdogan solicita intervenção dos EUA para proteger assistência humanitária em Gaza

Durante a cimeira da NATO no final de junho, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, apelou a Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos, para que intervenha no conflito em Gaza e interrompa os ataques direcionados a centros de distribuição de ajuda humanitária. De acordo com a agência estatal turca Anadolu, Erdogan expressou a sua preocupação com as mortes de civis em filas de espera para receber alimentos.

“Estão a ser mortas pessoas nas filas de espera para receber alimentos. Tem de intervir para que estas pessoas não sejam mortas”, afirmou Erdogan, conforme relatado pela France-Presse (AFP).

A situação humanitária deteriorou-se drasticamente desde que Israel impôs um bloqueio à Faixa de Gaza no início de março, intensificando o sofrimento da população num território que já se encontra devastado pela guerra que eclodiu em outubro de 2023.

Desde 26 de maio, uma iniciativa conhecida como Gaza Humanitarian Foundation (GHF), apoiada por Israel e pelos EUA, iniciou a entrega de alimentos. No entanto, as operações têm sido marcadas por caos e relatos frequentes de disparos das forças israelo-americanas contra os civis que aguardam a sua vez para receber ajuda.

O Gabinete dos Direitos Humanos da ONU declarou que mais de 500 vidas foram perdidas junto aos locais de distribuição em Gaza. O exército israelita, por sua vez, responsabiliza o Hamas pelos incidentes.

Este mês, o presidente da GHF, Johnnie Moore, desmentiu que tivessem ocorrido mortes nos pontos de distribuição. Erdogan, no entanto, reiterou a sua posição a Trump, dizendo que “é o senhor que vai gerir melhor este processo com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu” e importunando-o a pôr um fim às mortes de inocentes.

Erdogan também comentou a recente tréguas entre o Irão e Israel, afirmando que isso poderia abrir um novo caminho para resolver o conflito em Gaza. “O Hamas tem demonstrado repetidamente boa vontade a este respeito”, reiterou.

Além disso, ressaltou a relevância da pressão dos EUA sobre Israel como um fator crucial para o sucesso da nova proposta de cessar-fogo de 60 dias em Gaza, enfatizando que a comunidade internacional deve agir rapidamente na reconstrução da região. “Se for possível alcançar um cessar-fogo permanente, pode abrir-se um caminho para a paz duradoura na região”, finalizou.

Por último, o Hamas informou que respondeu positivamente às propostas de mediadores sobre o cessar-fogo e está pronto para iniciar negociações imediatas. Este grupo palestiniano lançou um ataque a Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou em cerca de 1.200 mortos e 251 reféns, causando a actual escalada do conflito que já vitimou mais de 57.300 pessoas em Gaza, segundo dados das autoridades israelitas.