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Dominância entre primatas: a complexidade das relações entre machos e fêmeas

Um estudo inovador desafia a visão tradicional da dominância masculina nos primatas, revelando uma dinâmica mais variada nas interações entre os géneros.

há 6 horas
Dominância entre primatas: a complexidade das relações entre machos e fêmeas

Uma pesquisa recente desafiou o entendimento enraizado de que os machos dominam em todas as espécies de primatas. Segundo a primatologista Elise Huchard, principal autora do estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, a realidade é muito mais complexa.

"Durante anos, considerou-se que as espécies eram dominadas de forma binária, seja por machos ou fêmeas, mas isso não reflete a realidade atual", afirmou Elise à Agência France-Presse (AFP). A investigação, que envolveu uma colaboração entre cientistas franceses e alemães, analisou a literatura sobre prisões de babuínos-chacma, procurando compreender as dinâmicas de hierarquia entre primatas.

O estudo durante cinco anos abrangeu 253 populações e 121 espécies, incluindo lémures, macacos e társios. Os resultados mostraram que as interações entre machos e fêmeas são muito mais frequentes do que se estimava, com mais de metade destes confrontos envolvendo ambos os sexos.

A dominância masculina estrita, observada em espécies como babuínos e chimpanzés, verifica-se apenas em 17% das situações. Em 13% dos casos, as fêmeas estão no topo da hierarquia, especialmente em espécies como os lémures.

A maioria das interações apresenta uma flexibilidade, com vitórias tanto de machos como de fêmeas. A dominância masculina é mais observada em espécies onde os machos possuem superioridade física, enquanto as fêmeas dominam em sociedades que controlam a reprodução.

Por exemplo, as fêmeas de babuínos exibem uma tumescência que aumenta durante a ovulação, levando os machos a "guardá-las" para impedir que outros machos se aproximem. Já nos bonobos, a ovulação é menos previsível, permitindo que as fêmeas exerçam maior controle sobre as suas interações. A dominância feminina tende a ser prevalente em contextos onde a competição entre fêmeas é intensa.

A investigação levanta questões sobre as implicações dos resultados para a compreensão das relações humanas, salientando que as origens evolutivas podem não ditar formas rígidas de interação entre os géneros. Segundo Huchard, as descobertas corroboram a ideia de que as sociedades de caçadores-recolectores apresentavam relações mais igualitárias em comparação com as sociedades agrícolas que surgiram posteriormente.

A pesquisa sublinha a importância de adotar uma abordagem interdisciplinar nas investigações sobre as dinâmicas sociais entre machos e fêmeas, refletindo a diversidade intrínseca das relações nos primatas.

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