Relatório do MediaLab revela que o Chega potencializou um vídeo infundado sobre imigrantes, elevando a narrativa a nível nacional.
Investigação sobre Desinformação
Um relatório do MediaLab do ISCTE, elaborado em parceria com a Comissão Nacional de Eleições e a agência Lusa, identificou a propagação de um vídeo com alegações sem fundamento acerca do número de imigrantes em Portugal. Segundo o vídeo, cujo áudio seria de um segurança da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), em abril de 2025 o país teria mais de 1,9 milhões de imigrantes, contrastando com os dados preliminares da AIMA que apontam 1.546.521 estrangeiros registados em dezembro de 2024.
A Amplificação pela Política
A narrativa ganhou destaque nacional quando o deputado do Chega, Pedro Frazão, replicou a informação durante uma emissão na CNN Portugal, afirmando ter ultrapassado os "dois milhões de imigrantes". O vídeo original, marcado com o símbolo do grupo Reconquista – conhecido pelas posições anti-imigração –, circulou amplamente nas redes sociais, nomeadamente no TikTok, Facebook e Instagram.
Outros Casos e Estratégia de Amplificação
Outro episódio envolvendo a desinformação ocorreu com o deputado António Pinto Pereira, que afirmou, num vídeo no Instagram, que "na Praia dos Pescadores em Cascais já não há pescadores". Este comentário, direcionado a criticar o presidente da câmara, foi posteriormente desmentido pelo Polígrafo. José Moreno, investigador do MediaLab, destacou que o Chega tem sido um importante amplificador de desinformação, utilizando uma estratégia que especialistas descrevem como um "trompete de desinformação", onde informações disseminadas por fontes de menor alcance ganham relevância se repassadas por actores com grande visibilidade.
Monitorização e Impacto
O projeto, desenvolvido pelo Laboratório de Investigação MediaLab do CIES, do ISCTE, juntamente com a agência Lusa, visa monitorizar as redes sociais e medir o impacto da desinformação na campanha eleitoral de maio, através de análises semanais baseadas em alcance e interações. Os conteúdos suspeitos são verificados por três fact-checkers portugueses credenciados pelo International Fact-Checking Network.