Democracia em Risco mas Resiliente, segundo deputado do PCP

António Filipe, deputado do PCP, durante a sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República, referiu estar a assistir a um momento de desencanto, deceção e descrença entre muitos portugueses, decorrente do incumprimento de promessas e do distanciamento dos governantes face às reais preocupações das pessoas.

Com um distintivo de cravo vermelho na lapela, o deputado criticou aqueles que tentam enfraquecer as conquistas democráticas históricas, senão de uma maneira vilipendiadora. Ainda assim, ressaltou: "a luta que o povo português travou durante décadas pela liberdade e pela democracia, desde a Revolução de Abril, e a energia das novas gerações na defesa destes valores, asseguram que teremos a força necessária para derrotar os nossos inimigos".

António Filipe sublinhou que o papel do povo é central na continuação deste legado, contrastando a ação popular com a de uma direita retrógrada e obscurantista. Para ele, existem recursos e coragem suficientes nos movimentos sociais – seja na luta por salários dignos, acesso à saúde e habitação, ou na defesa dos direitos das mulheres e na oposição a todas as formas de discriminação – para afirmar os valores democráticos.

O deputado fez também uma homenagem aos constituintes que elaboraram a primeira Constituição verdadeiramente democrática há 50 anos, e recordou o sacrifício dos militares e dos antifascistas que, enfrentando a repressão e a tortura, contribuíram para que, hoje, todos possam defender as suas convicções sem sofrer o mesmo calvário.

Num início de discurso marcado pela solenidade, António Filipe reconheceu a coincidência do 25 de Abril com três dias de luto nacional decretados pelo Papa Francisco, expressando as suas condolências a toda a comunidade católica e um profundo respeito pela liderança do pontífice.