Daniel Chapo alerta para a ameaça da extrema-direita e os seus métodos de protesto
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, denunciou o crescimento da extrema-direita que recorre a manifestações violentas para alterar regimes, destacando o impacto negativo destas ações no país e no mundo.

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, manifestou-se hoje sobre o ascenso da extrema-direita a nível global, incluindo em Moçambique, sublinhando que esta tendência recorre a táticas de “rua e redes sociais” para promover a mudança de regimes à força.
Durante uma aula no Instituto Superior de Estudos de Defesa Tenente-General Armando Emílio Guebuza (ISEDEF), na província de Maputo, Chapo afirmou: “Estamos a viver uma onda global, onde a extrema-direita considera que a política deve ser feita de maneira a desrespeitar instituições democraticamente eleitas”.
O chefe de Estado apontou que essa onda de protesto tem-se manifestado de forma “violenta e ilegal” em diversos países, como Angola, Quénia, Zimbabué, África do Sul, Venezuela e Estados Unidos, ocorrendo frequentemente após eleições. Estas manifestações, segundo Chapo, têm como finalidade derrubar os partidos que lutaram pela liberdade.
Chapo enfatizou que muitos desses actos foram planeados antes dos resultados eleitorais, caracterizando a situação como um novo método da extrema-direita, que inclui atualizações nas tácticas de desassossego e insurreição.
“Dado o insucesso em mudar os regimes através das urnas, a extrema-direita recorre à força, utilizando protestos que se transformam numa espécie de terrorismo urbano, danificando bens públicos e privados e causando prejuízos económicos significativos,” argumentou o líder moçambicano, apelando à comunidade para se opor a essas práticas.
Chapo pediu uma participação activa de todos, incluindo as Forças Armadas e de Defesa de Moçambique, na luta contra esses protestos, destacando que as destruições atrasam o progresso do país.
O presidente alertou ainda que as reivindicações por mudanças de regime não devem ser baseadas em interpretações erradas do conceito de democracia, afirmando que “a verdadeira democracia não implica necessariamente alternância no poder, mas sim a escolha livre de um povo que vota em seus líderes”.
A atual crise social em Moçambique, que teve início após as eleições de outubro de 2024, resultou em mobilizações de protesto coordenadas por Venâncio Mondlane, no contexto de alegações de fraude eleitoral, levando a um trágico saldo de cerca de 400 fatalidades. O governo reconheceu pelo menos 80 mortes e a destruição massiva de infraestruturas.
Após meses de tensão, Chapo e Mondlane reuniram-se em Maputo a 23 de março e estabeleceram um compromisso pela pacificação do país, mantendo diálogos para restaurar a ordem.