Críticas ao Presidente do Irão após proposta de reatamento de negociações com EUA

O Presidente do Irão, Massoud Pezeshkian, está a ser alvo de críticas severas por parte da imprensa conservadora do país. As contestações surgem na sequência do seu apelo ao reinício das negociações com os Estados Unidos sobre o programa nuclear iraniano, uma ideia que foi expressa numa entrevista que deu na segunda-feira ao conhecido apresentador norte-americano Tucker Carlson.

O jornal conservador Javan reagiu com desagrado, descrevendo as declarações de Pezeshkian como "um tanto brandas e demasiado gentis" relativamente à nação americana. “O verdadeiro sentido de uma conversa com um 'pivot' norte-americano é percebido através das palavras que refletem a indignação do público e a desconfiança total em relação aos Estados Unidos”, acrescentou o diário.

Na entrevista, o Presidente iraniano afirmou que o Irão "não teria problemas" em retomar as negociações, mesmo após os bombardeamentos realizados em junho por Israel e, subsequentemente, pelos EUA, que visaram instalações nucleares iranianas. O jornal Kayhan, conhecido pelo seu discurso hostil ao Ocidente, questionou: “É sensato voltar a reunir-se, sem quaisquer condições, com aqueles que já bombardearam a diplomacia?”

A 22 de junho, os Estados Unidos atacaram várias instalações nucleares iranianas, incluindo a subterrânea de enriquecimento de urânio de Fordo, em resposta a um ataque em 13 de junho, que resultou na morte de, pelo menos, 1.060 pessoas, conforme reportado pela televisão estatal iraniana.

O Kayhan, cujo editor é designado pelo líder supremo Ali Khamenei, enfatizou que “diante de um inimigo cujas mãos estão manchadas até aos cotovelos com o sangue do nosso povo, a única alternativa é manter uma postura firme”.

Por outro lado, o diário reformista Ham Mihan elogiou a “abordagem positiva” de Pezeshkian, afirmando que a entrevista era há muito esperada e destacando a ausência prolongada das autoridades iranianas nas conversações com meios de comunicação internacionais e norte-americanos.

Os EUA retiraram-se do acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano em 2018, sob a Administração Trump, levando o Irão a violar os termos estabelecidos, especialmente em relação ao enriquecimento de urânio.