Irão revela interesse em retomar negociações com EUA após conflito
Teerão afirma ter recebido comunicação dos Estados Unidos sobre a reactivação das conversações sobre o programa nuclear, paradas devido a ataques norte-americanos e israelitas.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Saeed Khatibzadeh, informou hoje que a república islâmica recebeu mensagens dos EUA a demonstrar interesse em reiniciar as negociações sobre o seu programa nuclear. Estas conversas estavam suspensas devido a um conflito que durou 12 dias, durante o qual três instalações nucleares no Irão foram alvo de ataques das forças norte-americanas.
Khatibzadeh afirmou que "as negociações diplomáticas exigem confiança" e que os ataques realizados por Israel e pelos EUA "destruíram essa confiança". Contudo, salientou que a diplomacia e o diálogo permanecem como pilares da política externa iraniana, e que a decisão sobre o regresso às conversações será ponderada pelas autoridades de Teerão.
Ismail Baghaei, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, afirmou que até ao momento o Irão não solicitou uma nova reunião com Washington. As declarações surgem após o Presidente norte-americano, Donald Trump, mencionar que estão programadas novas conversações, afirmando que "o Irão deseja dialogar" depois de sofrer com os recentes ataques.
Trump, durante um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, reiterou que as conversações poderão começar já na próxima semana. Nos últimos dias, vários comentários têm insinuado que Teerão pretende dar continuidade ao diálogo com a administração dos EUA.
As negociações entre os dois países sobre o programa nuclear do Irão iniciaram-se a 12 de abril, na sequência das preocupações de Washington sobre o potencial militar do programa. No entanto, foram interrompidas a 13 de junho, após uma ofensiva israelita, em que os EUA participaram com ataques aéreos a localizações nucleares.
Netanyahu, a respeito dos bombardeamentos, afirmou que os ataques eliminaram "dois tumores" que ameaçavam Israel, referindo-se ao programa nuclear e aos mísseis balísticos iranianos, embora tenha alertado que "remover um tumor não significa que não possa reaparecer".
Depois dos ataques norte-americanos, ambas as partes concordaram com um cessar-fogo, pondo fim a uma guerra que resultou na morte de 28 pessoas em Israel e pelo menos 1.060 no Irão, de acordo com o diretor da Fundação dos Mártires e Veteranos iraniano, Saeed Ohadi.
O conflito também incluiu ataques israelitas a instalações militares, nucleares e áreas residenciais em Teerão, evidenciando a escalada de tensões na região.