Crise humanitária no Sudão: 500 mil pessoas forçadas a fugir de Zamzam
A ONG Save the Children revela que 500 mil deslocados, incluindo 260 mil crianças, abandonaram o campo de refugiados de Zamzam devido à violência constante no Darfur do Norte.

A violência incessante no estado sudanês do Darfur do Norte, classificado como "o epicentro do conflito", levou à deslocação de cerca de 500.000 pessoas entre abril e maio, segundo um relatório da Organização Não-Governamental (ONG) Save the Children.
Deste total, aproximadamente 260.000 são crianças, muitas das quais foram entrevistadas pela ONG após chegarem ao campo de Tawila, situado a cerca de 60 quilómetros a sudeste de Zamzam. O relatório destaca que cerca de 75% das pessoas deslocadas encontraram abrigo em Tawila.
As crianças que conseguiram escapar relataram experiências devastadoras e angustiosas, incluindo testemunhos de assassinatos e a visão de cadáveres expostos nas ruas. Mais alarmante é o fato de que mais de metade das meninas entrevistadas (53%) relataram episódios de violência sexual durante a sua difícil jornada.
Além disso, muitos menores foram forçados a ajudar familiares a deslocar-se, deixando para trás aqueles que não conseguiam acompanhar, sob a ameaça de violência. "A vida das crianças no Sudão foi irreversivelmente alterada. Elas acordam com o barulho dos tiroteios e bombardeamentos, enquanto muitas famílias se escondem em trincheiras. As escolas permanecem fechadas e o acesso a serviços de saúde é extremamente limitado", alerta a organização. Muitos jovens já se associaram a grupos armados ou foram obrigados a contrair casamentos precoces em virtude das dificuldades económicas crescentes.
Diante deste cenário desolador, a Save the Children apela à comunidade internacional para aumentar a pressão sobre os envolvidos no conflito, exigindo um cessar-fogo urgente para permitir a assistência humanitária incondicional e aumentar a ajuda necessária à população afetada.
A guerra no Sudão teve início a 15 de abril de 2023, com um confronto armado entre o exército regular, dirigido por Abdel Fattah al-Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (RSF), lideradas por Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como 'Hemeti'.