Crianças ucranianas em formação para operarem drones a serviço da Rússia
Estudo revela que a Rússia está a treinar crianças ucranianas na ocupada Lugansk, preparando-as para futuros papéis no setor de defesa, incluindo o manuseio de drones.

Um relatório recente do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), com sede em Washington, destaca que crianças e adolescentes ucranianos estão a ser instruídos na região da Lugansk, atualmente sob controlo russo, para se tornarem operadores de drones. Esta iniciativa, segundo o estudo, destina-se a prepará-los para um eventual serviço militar russo ou para futuros empregos na indústria de defesa do país.
O ISW fez referência a reportagens locais que informaram que, em 30 de junho, cerca de 20 jovens participaram na fase regional da competição de operadores de drones "Pilotos do Futuro-2025". Este evento é organizado pelo Movimento dos Primeiros, uma associação juvenil russa, pela Federação Russa de Corridas de Drones e pelo Ministério do Desporto da autoproclamada República Popular de Lugansk.
Os participantes, com idades entre 7 e 18 anos, aprendem a montar, programar e operar drones, competindo em corridas de obstáculos com os dispositivos não tripulados, conforme descrito pelo ISW.
Os vencedores da competição terão a oportunidade de competir na final, que ocorrerá em Sochi, no sul da Rússia, no próximo mês.
O ISW assinala que a Rússia está a aumentar a integração de crianças ucranianas na sua estrutura de desenvolvimento e operação de drones. Um relatório anterior, elaborado pelo Grupo Ucraniano de Direitos Humanos do Leste e pelo Instituto de Investigação Estratégica e Segurança, revelou que currículos de formação em drones foram implementados em mais de cem mil escolas na Ucrânia ocupada.
Além disso, o ISW observa que a Rússia tem promovido a participação juvenil em programas relacionados com drones através de competições, como "Pilotos do Futuro-2025", reconhecendo o papel crucial dos drones nas suas operações militares.
A questão das crianças ucranianas é uma preocupação grave em relação às violações de direitos humanos nas áreas ocupadas, especialmente após a deportação forçada de menores para a Rússia, que resultou em mandados de detenção internacionais contra Vladimir Putin e a comissária para os Direitos da Criança, Maria Lvova-Belova. As autoridades ucranianas estimam que pelo menos 20 mil menores tenham sido deportados, com relatos de adoções forçadas e processos de aculturação.
Esta questão foi levantada nas negociações de cessar-fogo entre as partes em maio, em Istambul, onde a situação dos menores foi abordada diretamente com representantes russos.