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Controvérsia na Operação Marquês: Defesas acentuam críticas ao MP por escutas

O tribunal reviveu escutas entre Sócrates e Henrique Granadeiro, gerando protestos contra o MP, acusado de expor conversas privadas desnecessariamente.

há 4 horas
Controvérsia na Operação Marquês: Defesas acentuam críticas ao MP por escutas

A Operação Marquês, que arrasta José Sócrates e mais 20 arguidos, viu a reabertura de um debate intenso após a reprodução em tribunal de uma escuta telefónica entre o ex-primeiro-ministro e o ex-administrador da PT, Henrique Granadeiro. A exibição de uma conversa de carácter íntimo, onde Sócrates mencionava figuras como Mário Soares e Almeida Santos, suscitou duras críticas ao Ministério Público (MP).

O MP, que visa estabelecer uma rede de amizade e intimidade entre Granadeiro e Sócrates, solicitou a reprodução de quatro escutas, mas a defesa considerou o acto indigno e desnecessário. António José Barreiros, advogado de Zeinal Bava, contundente na sua análise, afirmou que a situação era um "exercício de indignidade, de voyeurismo", sugerindo que o MP deveria focar-se em provas relevantes.

Em resposta, o MP defendeu que a reprodução integral era essencial para ilustrar a relação entre os dois homens, uma justificação que Pedro Delille, advogado de Sócrates, refutou ao considerar a reprodução ilegal e sem propósito criminal.

A juíza, visivelmente incomodada, adiou a apreciação dos requerimentos, prometendo limitar o que fosse considerado prova válida, assim evitando futuras exposições de escutas que infrinjam a privacidade.

O MP revelou que a reprodução visava contradizer declarações de Sócrates sobre a sua amizade com Granadeiro, um argumento que o ex-primeiro-ministro contestou, reafirmando a sua amizade, mas esclarecendo que não haviam almoçado durante o período em causa na acusação relacionada à OPA da Sonae.

A insatisfação de Sócrates foi palpável, referindo-se à acção do MP como "um ato absolutamente indigno" e clamando por um pedido de desculpas. Ele criticou a estratégia do Ministério Público, que em vez de apresentar provas concretas, optou por "um espetáculo de voyeurismo político" ao expor uma conversa privada.

O julgamento, que começou há uma semana, centra-se em 117 crimes, incluindo corrupção e branqueamento de capitais, e já conta com agendadas 53 sessões até ao final do ano. Prevê-se a audiência de mais de 225 testemunhas convocadas pelo MP e 20 pela defesa.

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