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Conflitos modernos: A normalização da guerra e o impacto nas populações civis

há 4 horas

O diretor do CICV, Pierre Krähenbühl, alerta para a desensibilização do público diante da guerra e as suas consequências devastadoras, com 120 conflitos ativos a afetar milhões de pessoas.

Conflitos modernos: A normalização da guerra e o impacto nas populações civis

O diretor-geral do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Pierre Krähenbühl, expressou a sua preocupação sobre a crescente desensibilização da sociedade em relação à guerra. Atualmente, existem 120 conflitos em curso em várias regiões do globo, e essa normalização da violência é alarmante.

Segundo Krähenbühl, "falamos sobre guerras de forma superficial, atraídos pelas designações das facções e pelas novidades bélicas", mas acabamos por esquecer o impacto devastador nas populações civis inocentes. Esta reflexão foi feita durante as comemorações do aniversário do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

Atualmente, cerca de 450 grupos armados não estatais estão envolvidos em conflitos, colocando em risco a vida de 200 milhões de pessoas que habitam áreas de combate.

A longa duração dos conflitos, como o caso entre palestinianos e israelitas, que se arrasta há quase 60 anos, traz consequências irreparáveis. "A destruição das instituições sociais significa que, mesmo que os combates cessem, a recuperação e a reconstrução serão extremamente longas", frisou.

Outro aspecto preocupante destacado por Krähenbühl é a interpretação frouxa do direito internacional humanitário por parte de alguns governos. Um exemplo recente é a decisão de cinco países europeus de se retirarem do tratado que proíbe minas antipessoais. O diretor considerou inaceitável que se ignore a responsabilidade em tempos de conflito.

Com desafios financeiros crescentes, o CICV teme pela continuidade do seu financiamento, uma vez que os Estados Unidos, seu principal doador, estão a cortar apoio. Apesar disso, a organização já recebeu a confirmação de fundos prometidos pela administração anterior, o que é visto como um indício positivo.

Particularmente alarmado com a situação em Gaza, onde o bloqueio israelita impede a chegada de ajuda humanitária, Krähenbühl destacou que a proibição de assistência vital ao povo de Gaza dura há nove semanas, levando a uma crise humanitária sem precedentes.

"É inadmissível que os civis em Gaza fiquem sem apoio. Isso violenta as normas estabelecidas pelo direito internacional humanitário", afirmou. "Se este é o futuro da guerra, devemos estar alarmados, pois desafia a essência da nossa humanidade", concluiu, ao expressar a sua empatia pelo que o povo de Gaza vive diariamente, descrito como um desespero absoluto.

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#DireitosHumanos #CruzVermelha #GuerraHumanidade