Economia

China abre portas ao café brasileiro após imposição de tarifas dos EUA

Após os EUA aplicarem tarifas de 50% sobre o café brasileiro, a China permite que 183 empresas do Brasil exportem para o seu mercado interno, oferecendo uma nova oportunidade aos produtores.

há 2 horas
China abre portas ao café brasileiro após imposição de tarifas dos EUA

A China acaba de autorizar a exportação de café proveniente de 183 empresas brasileiras, uma decisão que surge poucos dias após os Estados Unidos anunciarem tarifas de 50% sobre o café do Brasil, com eficácia a partir de quarta-feira. Esta medida, que terá validade por cinco anos, alarmou os produtores e exportadores brasileiros, que agora buscam alternativas de mercado.

Dados da indústria revelam que cerca de 85% da produção brasileira de café arábica para 2025, a principal variedade exportada para os EUA, já foi colhida. Este tipo de café é fundamental no mercado norte-americano, onde frequentemente é combinado com grãos de outros países da América Latina para satisfazer os paladares locais. O Brasil, que representa 44% da produção mundial de arábica, continua a ser um fornecedor valioso e difícil de substituir a curto prazo.

Os Estados Unidos destacam-se como os maiores consumidores de café do mundo, contabilizando 3,3 milhões de sacas importadas do Brasil no primeiro semestre do ano, o que corresponde a quase 23% do total exportado. Em contraste, a China importou 530 mil sacas no mesmo período. Embora o mercado chinês ainda seja menor, a sua relevância tem crescido, especialmente com as novas barreiras enfrentadas pelo Brasil no acesso ao mercado norte-americano.

Em novembro do ano passado, a ApexBrasil, a agência brasileira de promoção das exportações, celebrou um acordo com a Luckin Coffee, a maior rede de cafeterias da China, para fornecer 240 mil toneladas de café brasileiro entre 2025 e 2029. Este contrato, avaliado em 2,5 mil milhões de dólares (mais de 2,1 mil milhões de euros), é um sucessor de um acordo anterior, de meados de 2024, que envolveu 120 mil toneladas e um valor de 500 milhões de dólares (432 milhões de euros).

A Luckin Coffee, fundada em 2017, opera actualmente mais de 22 mil lojas em todo o território chinês e atende a mais de 300 milhões de clientes. Embora o chá continue a ser a bebida tradicional predominante, o consumo de café tem registado um crescimento notável, especialmente entre os jovens profissionais nas áreas urbanas. O consumo 'per capita' de café duplicou nos últimos cinco anos, passando de oito para 16 chávenas por ano, embora ainda esteja muito aquém da média global de 240 chávenas e das mais de 400 dos EUA.

Na ocasião da celebração do acordo, o director executivo da Luckin Coffee, Jinyi Guo, elogiou a qualidade do café brasileiro, considerando o contrato como "apenas o início" de uma colaboração prolongada. "No futuro, queremos expandir ainda mais esta parceria", afirmou.

Desde 2009, a China tem sido o principal parceiro comercial do Brasil, com o comércio bilateral a crescer de nove mil milhões de dólares (7,8 mil milhões de euros) em 2004 para 188 mil milhões (162 mil milhões de euros) em 2024. O Brasil ocupa um papel crucial na segurança alimentar da China, representando mais de 20% das importações agrícolas e pecuárias do país asiático.

A China, como a segunda maior economia a nível mundial, alimenta cerca de 19% da população global, utilizando apenas 8,5% das terras aráveis do planeta. Em comparação, o Brasil possui quase 7% das terras aráveis, abastecendo 2,7% da população do mundo.

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