Celebrando o Dia Mundial do Canhoto e a Ciência por Trás da Lateralidade
O Dia Mundial do Canhoto, celebrado a 13 de agosto, destaca a singularidade dos canhotos e revela novos achados científicos sobre a dominância das mãos.

Hoje, 13 de agosto, assinala-se o Dia Mundial do Canhoto, uma data dedicada a celebrar a particularidade de aproximadamente 10% da população que utiliza a mão esquerda como dominante. Instituído na década de 1970 e oficializado em 1992, esta data visa promover a inclusão dos canhotos numa sociedade predominantemente destro, onde a desigualdade ainda persiste.
O objetivo da celebração é desmistificar o uso da mão esquerda e sensibilizar para a discriminação que, historicamente, os canhotos enfrentaram. Antigamente, muitos eram forçados a utilizar a mão direita, pois ser canhoto era considerado um erro por parte da sociedade.
Em 2024, um estudo inovador publicado na revista Nature Communications identificou um gene, denominado TUBB4B, que parece desempenhar um papel significativo na determinação da dominância manual. A pesquisa envolveu a análise do genoma de mais de 350.000 indivíduos e revelou que variantes raras deste gene são mais comuns em canhotos.
A dominância da mão está relacionada à assimetria cerebral: os canhotos apresentam uma predominância do hemisfério direito do cérebro, ao passo que os destros dominam do lado esquerdo. Segundo Clyde Francks, geneticista do Instituto Max Planck, essa assimetria começa no útero e se reflete em diversas funções cognitivas e motoras.
Embora a razão pela qual os hemisférios desenvolvem-se de forma distinta ainda permaneça um mistério, a identificação de genes ligados à lateralidade pode lançar luz sobre esse fenómeno. Estudos anteriores focaram em variantes comuns, enquanto a pesquisa recente analisou variantes mais raras, revelando uma possível ligação entre os microtúbulos — estruturas celulares formadas por tubulinas — e a preferência manual.
Os microtúbulos são essenciais na movimentação de cílios, estruturas celulares que influenciam o fluxo de fluidos corporais, o que pode ser um fator na assimetria cerebral. As descobertas atuais oferecem novas perspectivas sobre como a biologia pode determinar a nossa preferência de mão.