Celebração de Mondlane no aeroporto de Maputo em meio a confrontos policiais
Venâncio Mondlane comemorou a oficialização do seu partido Anamola no aeroporto de Maputo, enquanto a polícia disparava para controlar a multidão de apoiantes.

O político Venâncio Mondlane esteve hoje no aeroporto de Maputo, onde celebrou a formalização do seu partido, Anamola, com a presença de fervorosos apoiantes. Mondlane, que expressou otimismo sobre o futuro político de Moçambique, afirmou que o tempo de descaso para com os moçambicanos está "a passar para o passado". Esta declaração foi feita ao juntar-se aos seus seguidores após uma viagem ao exterior.
"Estamos aqui pela paz", sublinhou Mondlane aos jornalistas, enquanto brandia a bandeira do seu partido, que foi oficialmente aprovado pelo Governo moçambicano na semana passada. O político já traçou objetivos ambiciosos para as eleições autárquicas que se realizarão dentro de três anos, destacando: "Em 2028, com Anamola, vamos limpar todos os municípios". Uma referência ao seu passado como candidato da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) à câmara municipal de Maputo, onde contestou a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
No entanto, a celebração foi marcada por tensões, com disparos a serem ouvidos fora do aeroporto, onde a polícia utilizou gás lacrimogéneo para conter o fluxo de apoiantes que tentavam entrar nas instalações. A Unidade de Intervenção Rápida disparou várias vezes, limitando o acesso e criando um ambiente de conflito.
O registo do partido de Mondlane foi aprovado pelo Ministério da Justiça, no passado mês de agosto, após quase cinco meses de espera. Esta aceitação surge num contexto de agitação social crescente em Moçambique, após as eleições de 9 de outubro que foram contestadas por Mondlane, levando a protestos e confrontos que, segundo ONGs, resultaram na morte de cerca de 400 pessoas.
Recentemente, Mondlane decidiu alterar o nome do seu partido de Anamalala para Anamola, atendendo a um pedido do Governo, que argumentou que a designação original tinha conotações lingüísticas negativas. A nova nomenclatura representa a Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo, e foi oficializada através de um recurso apresentado ao Conselho Constitucional.