Cabo Verde reforça medidas para conter surto de malária
O ministro da Saúde anunciou a identificação rápida de 30 casos de malária desde janeiro, apelando à comunidade para ajudar a manter o país livre da doença até ao final do ano.

O ministro da Saúde de Cabo Verde, Jorge Figueiredo, revelou hoje que, desde o início do ano, foram reportados 30 casos de malária, sendo que metade destes é de origem importada. O governante expressou preocupação pelo risco de perda do estatuto de eliminação da malária e pediu à população e autarquias para colaborarem na limpeza urbana, essencial para impedir a propagação de mosquitos.
“Estamos a operar no limiar da manutenção deste estatuto de eliminação e a situação é alarmante”, afirmou Figueiredo. O Ministério da Saúde está a trabalhar em colaboração com diversos parceiros para enfrentar o problema. A maioria dos casos foi verificada na capital, Praia, onde as infecções locais surgiram a partir de doentes importados em bairros específicos.
“Todos os casos foram identificados prontamente através de atendimentos de urgência nas áreas mais afetadas, como Fonton e Kobon”, continuou. Na ilha da Boa Vista, foi reportado um caso importado, que foi tratado sem risco de novas infeções.
O ministro garantiu que a identificação e tratamento dos casos têm sido eficazes para evitar a eclosão de uma epidemia, sublinhando que as chuvas, que são propícias à reprodução de mosquitos, ainda não ocorreram. “Apelo a cada um para que contribua para a higiene dos bairros, evitando águas paradas”, reforçou.
Com a aproximação da época das chuvas, Cabo Verde declarou hoje uma "situação de contingência" por três meses, visando a prevenção de uma nova epidemia de dengue e o regresso da malária. “A formação geográfica do nosso país torna-nos vulneráveis a epidemias”, destacou o ministro.
O Governo já iniciou a ativação do fundo de emergência para abordar a situação de forma rápida e eficaz. Figueiredo explicou que existe um plano de prevenção constante, com ações de combate à propagação de mosquitos, que inclui pulverizações intradomiciliárias e a identificação de locais onde os mosquitos possam proliferar.
Recentemente, foram realizados esforços de limpeza comunitária em várias zonas da Praia, embora a adesão da população não tenha sido a esperada. “É crucial que haja uma mudança de mentalidades”, afirmou o ministro.
Por outro lado, a nova representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Cabo Verde, Ann Lindstrand, sublinhou que a prioridade deve ser a contenção de novos casos de malária. Ela anunciou a chegada iminente de um entomologista e uma epidemiologista que se juntarão ao grupo de trabalho do Ministério da Saúde. Questionada sobre a possibilidade de Cabo Verde manter o certificado de país livre de malária, Lindstrand afirmou que ainda há tempo: “Sim, temos seis meses para o fazer”, concluiu.