Brasil convoca diplomata dos EUA após embaixada apoiar Bolsonaro
O Brasil convocou o diplomata dos EUA em resposta ao respaldo da embaixada a Jair Bolsonaro, alvo de acusações de tentativa de golpe. Lula reafirma a soberania do país frente a interferências externas.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil convocou, esta manhã, Gabriel Escobar, encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, em virtude de uma declaração de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A nota da embaixada, divulgada horas antes, alinhava-se à defesa feita pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, que na segunda-feira, durante a cimeira dos BRICS, tinha já criticado o Brasil por sua atuação em relação à Bolsonaro. “A perseguição política a Jair Bolsonaro e sua família é vergonhosa e viola as tradições democráticas do Brasil”, afirmava a embaixada.
Donald Trump descreveu o tratamento que Bolsonaro recebe no Brasil como "terrível", afirmando que ele está a ser perseguido continuamente: “Ele não é culpado de nada, exceto de lutar pelo povo!”, escreveu o presidente numa rede social.
A resposta do governo brasileiro não tardou, com Lula da Silva sublinhando que o Brasil não aceita "interferência ou tutela" de outras nações. “A defesa da democracia é um assunto que diz respeito exclusivamente aos brasileiros. Somos um país soberano”, enfatizou o presidente em comunicado.
As tensões surgem num momento em que Jair Bolsonaro enfrenta acusações de ter tentado dar um golpe de Estado após a sua derrota nas eleições de 2022. A 8 de janeiro de 2023, o Brasil viveu momentos de violência quando apoiantes de Bolsonaro invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, em uma ação reminiscentes aos eventos de 6 de janeiro de 2021 nos EUA.
Mais recentemente, a 27 de junho, o Supremo Tribunal Federal do Brasil anunciou a conclusão da instrução de um processo que envolve Bolsonaro e outros sete réus sobre a tentativa de golpe, preparando-se agora para as alegações finais antes do julgamento.