Bebidas alcoólicas podem aumentar risco de cancro do pâncreas, alerta estudo
Investigação revela que o consumo excessivo de álcool pode levar a lesões precursoras do cancro pancreático, uma doença com altas taxas de mortalidade.

Um recente estudo conduzido por investigadores em Miami, nos Estados Unidos, revela uma correlação alarmante entre o consumo excessivo de álcool e o cancro do pâncreas, um dos tipos de cancro mais fatais a nível global.
Os cientistas descobriram que a ingestão alta de álcool provoca danos nas células pancreáticas que são responsáveis pela síntese de enzimas digestivas. Esses danos, por sua vez, geram inflamação no órgão, essencial para a digestão e para a regulação dos níveis de açúcar no sangue.
Com o tempo, essa inflamação pode resultar em lesões pré-cancerosas, as quais têm potencial para evoluir para cancro pancreático - uma condição que afeta anualmente mais de 9000 britânicos e 52.000 norte-americanos, apresentando uma das piores taxas de sobrevivência.
O estudo define o consumo excessivo de álcool como mais de oito bebidas por semana para mulheres e mais de 15 para homens. Os investigadores sublinham que, para a transformação em cancro, é também necessária uma mutação no gene Ras, que regula o crescimento celular.
A pesquisa indica que a combinação do álcool com uma molécula pró-inflamatória provoca sintomas similares aos da pancreatite alcoólica, acelerando o desenvolvimento de lesões que podem preceder o cancro. A equipa descobriu ainda que desativando o gene CREB, que tem um papel na inflamação, é possível impedir a ocorrência dessas lesões pré-cancerosas.
O coautor do estudo, Nipun Merchant, destaca que os resultados podem contribuir para futuras estratégias de prevenção do cancro pancreático, sobretudo numa época em que os casos têm aumentado entre os mais jovens, embora as taxas de mortalidade ainda não tenham subido.
No contexto dos Estados Unidos, as taxas de sobrevivência em cinco anos após o diagnóstico de cancro do pâncreas variam entre 3% e 44%, consoante o estágio da doença. Por isso, é crucial realizar detecções precoces, estando atentos a sintomas frequentemente negligenciados, como perda de peso inexplicável, fadiga, dor abdominal, alterações nos hábitos intestinais e icterícia.