Aumento das tensões: Venezuela critica manobras militares dos EUA no Caribe
O governo da Venezuela denuncia que as ações militares norte-americanas ameaçam a paz na região, enquanto Washington intensifica a luta contra o narcotráfico.

O executivo venezuelano manifestou hoje a sua preocupação face ao envio de navios norte-americanos para o Caribe, afirmando que os Estados Unidos estão a comprometer a "paz e a estabilidade" regional. Esta afirmação surge em resposta ao destacamento de 4.000 soldados enviados por Washington para atuar numa operação contra cartéis de narcotráfico.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, "Estas ações não afetam apenas o nosso país, mas põem em risco a paz e a estabilidade de toda a região, incluindo a Zona de Paz da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que visa promover a soberania e a colaboração entre as nações latino-americanas."
Num comunicado divulgado no Telegram, as autoridades de Caracas criticaram ainda as acusações de narcotráfico feitas pelos EUA, consideranto-as como evidência da "falta de credibilidade" e ineficácia das políticas norte-americanas na região.
De acordo com a agência AP, a marinha dos EUA terá em breve três contratorpedeiros Aegis prontos para entrar nas águas venezuelanas, parte de uma missão que busca combater as ameaças dos cartéis de droga latino-americanos. Um representante do Departamento de Defesa confirmou que recursos militares foram destacados para a área para apoiar essas operações, com o posicionamento das embarcações a acontecer ao longo dos próximos meses.
Além disso, segundo a EFE, a missão contará com um submarino nuclear, uma aeronave de reconhecimento P8 Poseidon, vários contratorpedeiros e um navio de guerra armado com mísseis.
Sobre o planejamento militar em águas internacionais, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o Presidente Donald Trump está decidido a enfrentar o narcotráfico, considerando o regime de Nicolás Maduro como um "cartel de droga" e não como um governo legítimo.
Enquanto isso, em Cuba, o governo clamou pelo respeito à região como uma "zona de paz", responsabilizando a missão norte-americana pela sua "agenda corrupta".
Em resposta ao crescente clima de tensões, o ministro do Interior e Justiça da Venezuela, Diosdado Cabello, anunciou que Caracas já posicionou seus recursos navais em águas venezuelanas. Nicolás Maduro, por sua vez, revelou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos, parte de um novo "plano de paz", instando-os a estarem "preparados, ativados e armados".
Adicionalmente, o Ministério dos Transportes da Venezuela declarou uma proibição de 30 dias para a aquisição e uso de drones no país.
As tensões aumentaram após os EUA acusarem Maduro de narcotráfico e duplicarem a recompensa pela sua captura para 50 milhões de dólares. A procuradora-geral norte-americana, Pam Bondi, chamou Maduro "um dos maiores narcotraficantes do mundo", assinalando sua relação com organizações como o Tren de Aragua e os cartéis de Sinaloa e dos Sóis, considerados terroristas pelos EUA.
O Departamento de Justiça também revelou ter apreendido ativos no valor de 700 milhões de dólares relacionados com Maduro, que inclui jatos privados e veículos diversos. Maduro, reeleito em janeiro, continua a ser alvo de críticas por parte da oposição e da comunidade internacional.