Aumento da repressão no Irão após ataques israelitas, alerta Narges Mohammadi
Narges Mohammadi, vencedora do Prémio Nobel da Paz 2023, expressa preocupações sobre o impacto negativo dos ataques de Israel na oposição civil iraniana e prevê um agravamento da repressão interna.

Narges Mohammadi, a ativista iraniana galardoada com o Prémio Nobel da Paz em 2023, manifestou a sua profunda preocupação com as repercussões dos recentes ataques israelitas ao Irão sobre os movimentos de oposição. Numa entrevista realizada pelo Wall Street Journal, Mohammadi, que se encontra refugiada devido aos bombardeamentos, afirmou que a situação atual para o povo iraniano é “mais perigosa do que durante a guerra”.
A ativista, que não pôde ser entrevistada pessoalmente devido a problemas de comunicação, disse: “Sinto uma grande apreensão em relação à segurança dos ativistas políticos, dos membros da sociedade civil e, principalmente, dos jovens envolvidos em ações sociais. Acredito que a repressão vai intensificar-se nos próximos dias.”
Desde 13 de junho, a acusação de colaboração com Israel resultou na detenção de 750 indivíduos e em seis execuções, uma situação que agrava ainda mais a já tensa atmosfera no Irão. Apesar das dificuldades, Mohammadi defende que as mudanças devem ser impulsionadas de dentro do país, se posicionando contra qualquer intervenção estrangeira que visasse a alteração do regime.
Criticando abertamente o Primeiro-Ministro israelita Benjamin Netanyahu, a ativista traçou um paralelo sombrio com o regime iraniano liderado por Ali Khamenei. “No Irão, temos um governo misógino que nos prometeu o paraíso, mas a realidade é um inferno. Netanyahu também nos conduz ao inferno, prometendo liberdade e democracia”, afirmou.
Mohammadi tem um histórico de luta pela liberdade, tendo sido detida repetidamente e condenado várias vezes. Enquanto lamenta a perda de contacto com os seus filhos durante os últimos dez anos, reafirma que a sua luta continua a valer a pena para um futuro melhor no Irão.