"Algarve tem foco em turismo de classe média alta, não em preços baixos"
Hotéis algarvios preveem um incremento de 6% nas receitas de verão em comparação com 2024, mirando consumidores da classe média alta. Preços acessíveis atraem alguns, mas a oferta qualificada destaca-se.

O Algarve está a posicionar-se não como um destino de turismo de preços baixos, mas sim como um local atrativo para a classe média alta. Segundo Hélder Martins, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), "o Algarve não concorre em termos de preços baixos, mas sim nos médios altos".
No primeiro semestre deste ano, os hotéis associados à AHETA registaram um aumento de cerca de 3% na faturação e ocupação em comparação com o ano anterior. Hélder Martins prevê um crescimento adicional de 5 a 6% até ao final da época estival. As reservas para o verão de 2023 superam as de 2024, um reflexo do apelo renovado do Algarve, resultado das constantes requalificações nas unidades hoteleiras.
Embora não tenha dados concretos sobre o fluxo de turistas nacionais, Martins salienta que a dependência exclusiva dos turistas portugueses não é viável. "Se os portugueses optarem por destinos mais económicos, a lei da concorrência prevalece", afirma. O aumento dos preços, que subiu cerca de 5% no início do ano, é atribuído ao incremento dos custos de produção, particularmente em salários.
João Soares, diretor do Hotel D. José em Quarteira, considera "prematuro" falar de uma possível redução no número de turistas portugueses. "Até agora, não se nota uma diminuição nos clientes nacionais, e não creio que isso aconteça no balanço de agosto", comenta. Ele observa que, mesmo que tenha havido uma tendência para viajar para o estrangeiro, o preço não é o único fator em jogo.
Na unidade que dirige, Soares revela que o desempenho do primeiro semestre foi superior ao do ano anterior, sem grandes mudanças nas nacionalidades dos visitantes. Reconhece ainda o aumento moderado nos preços ao consumidor, que estão longe de dois dígitos, enquanto os custos de produção continuam a subir.
Além disso, o diretor menciona uma melhoria na disponibilidade de pessoal no setor hoteleiro, embora lamente a falta de formação profissional adequada entre os novos colaboradores. "Tenho atualmente entre sete e oito pessoas a trabalhar no bar, em vez das habituais cinco, devido à falta de qualificação", conclui.