Alemanha avança em negociações com EUA para reforçar defesa aérea da Ucrânia

O governo alemão anunciou hoje que está a negociar com os Estados Unidos a compra de sistemas antiaéreos Patriot, recebendo este desenvolvimento à luz dos recentes bombardeamentos em larga escala que têm devastado a Ucrânia.

Friedrich Merz, chanceler alemão, manteve uma conversa telefónica com o Presidente norte-americano, Donald Trump, na quinta-feira. Este diálogo surge após os EUA terem comunicado a suspensão temporária de algumas transferências de material bélico previamente acordadas com Kyiv, incluindo mísseis destinados aos sistemas Patriot.

De acordo com informações veiculadas pelo semanário Der Spiegel, a discussão entre os líderes focou-se na escalada da situação na Ucrânia e na necessidade de fortalecer a defesa aérea do país. Contudo, Trump não fez promessas concretas durante a conversa.

Stefan Kornelius, porta-voz do governo alemão, compartilhou que "estão a ser exploradas várias opções para cobrir a lacuna em relação aos sistemas Patriot", oferecendo a possibilidade de aquisição pela Alemanha como uma das soluções. Kornelius confirmou também que as negociações estão a decorrer.

Durante uma conferência de imprensa, o porta-voz destacou a urgência da situação, referindo-se ao recente ataque russo que lançou 11 mísseis e mais de 500 drones sobre a Ucrânia, resultando em pelo menos um morto e 26 feridos apenas em Kyiv.

Adicionalmente, Mitko Müller, porta-voz do Ministério da Defesa alemão, anunciou que o ministro Boris Pistorius planeia uma visita a Washington em meados deste mês para discutir a situação com o seu homólogo norte-americano.

Müller enfatizou que a assistência de Berlim à Ucrânia está a ser planeada há vários anos e que a capacidade de produção e os fatores financeiros são cruciais, especialmente numa fase em que a procura global por sistemas de armamento está elevada devido à ameaça russa.

Ele também lembrou que a Alemanha está empenhada em preparar e acelerar as entregas na medida do possível, sublinhando a importância de acordos bilaterais e multilaterais para otimizar os recursos disponíveis, o que justifica a viagem a Washington prevista para Julho.

O governo alemão observou um padrão preocupante associado às conversas telefónicas entre Trump e Putin, notando que os ataques em grande escala à Ucrânia frequentemente seguem esses contactos.

Após a conversa entre os dois presidentes, a Rússia declarou que não vê viabilidade para uma resolução diplomática imediata, insistindo na continuidade da sua operação militar. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que o país prefere a via diplomática, mas que continuará a ofensiva militar enquanto não houver progresso nas negociações.

Trump, por seu lado, manifestou insatisfação sobre a falta de avanços nas conversações de paz durante a sua interação com Putin. “Falámos sobre várias questões, incluindo a guerra na Ucrânia, e não estou satisfeito com os resultados”, afirmou o presidente norte-americano, reafirmando que não houve progresso significativo.