Ação policial na Caxemira: 25 obras literárias banidas por incitação ao secessionismo
A polícia indiana realizou buscas em livrarias da Caxemira, após a proibição de 25 livros, entre os quais se destaca uma obra de Arundhati Roy, acusados de fomentar o separatismo.

A polícia indiana efetuou hoje intervenções em várias livrarias da Caxemira, após o governo ter decretado a proibição de 25 livros, alegando que as suas narrativas promovem secessionismo na região maioritariamente muçulmana.
O executivo, que impôs as restrições na passada terça-feira, acusou os autores dessas obras de disseminarem "narrativas falsas" sobre a Caxemira e de contribuírem para a desinformação dos jovens em relação ao Estado indiano.
A polícia revelou nas redes sociais que a operação se concentrou em livros que "defendem ideologias secessionistas ou que glorificam o terrorismo". Esta medida surgiu na data próxima ao sexto aniversário da imposição de controlo direto por parte de Nova Deli sobre a região, onde a autonomia foi revogada.
Os poderes do governo local, que tomou posse em novembro de 2024, permanecem limitados, com a Caxemira administrada por um administrador nomeado pela centralização do governo.
A lista de livros proibidos, que o governo classifica como propagadores de narrativas enganosas e separatistas, inclui "Azadi: Liberdade, Fascismo, Ficção" de Arundhati Roy, uma autora proeminente, conhecida pelo seu ativismo e críticas ao governo de Narendra Modi, que a tornaram uma figura controversa no país.
O líder religioso separatista Mirwaiz Umar Farooq expressou, através da rede social X, que proibir "obras de académicos e historiadores respeitados" não conseguirá apagar a "realidade histórica e a memória do povo de Caxemira".
A lista inclui ainda ensaios de autores reconhecidos como A.G. Noorani, um destacado especialista em Constituição na Índia, e Sumantra Bose, professor na London School of Economics.
O historiador Siddiq Wahid argumentou que a proibição infringe a Constituição, que garante a liberdade de expressão, e observou que muitos destes livros são escritos por autores com uma sólida reputação, baseando-se em evidências e lógica antes de chegar a conclusões.