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A ONU apela a iniciativas urgentes para financiamento sustentável em África

À margem do Fórum Político de Alto Nível, a ONU exige ação imediata para garantir um financiamento inovador que responda às necessidades de desenvolvimento em África.

há 6 horas
A ONU apela a iniciativas urgentes para financiamento sustentável em África

Na abertura do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável (HLPF) de 2025, que se realiza esta semana em Nova Iorque, Claver Gatete, secretário-executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA), sublinhou a necessidade de "ações urgentes" para assegurar que os sistemas de inovação no financiamento sejam utilizados de forma coordenada e abrangente.

Durante o seu discurso, Gatete destacou que "as ferramentas digitais e a ciência orientada para missões são cruciais para acelerar a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)", mas enfatizou que isso só será possível com sistemas inclusivos e com um financiamento inovador, real e em grande escala.

O também subsecretário-geral das Nações Unidas abordou a urgentíssima necessidade de preencher as lacunas de financiamento, especialmente em África, onde as necessidades de financiamento para o desenvolvimento atingem um défice de cerca de 200 mil milhões de dólares (171 mil milhões de euros) anualmente.

Gatete ressaltou a importância de transformar inovação em resultados tangíveis, particularmente em África e em outras regiões que enfrentam sérias desigualdades de desenvolvimento, visíveis nas elevadas taxas de pobreza. "Não conseguiremos erradicar a pobreza se não a medirmos com precisão", afirmou, defendendo uma nova abordagem para a medição da pobreza no continente.

Recentemente, foi lançado o Índice de Pobreza Multidimensional (MPI) para países africanos, que relaciona dados sobre pobreza com fatores como vulnerabilidade climática, migrações, e segurança, oferecendo aos governantes uma visão abrangente para a distribuição de recursos e fortalecimento da proteção social, conforme a UNECA.

No contexto do Fórum, Gatete insistiu na necessidade de um financiamento mais justo, de ferramentas mais eficazes e de um caminho inclusivo de desenvolvimento até 2030 para os países africanos, conforme anunciado num comunicado enviado à Lusa.

Durante as discussões em Nova Iorque, a ONU considerou a erradicação da pobreza extrema até 2030 como "altamente improvável", destacando os desafios da recuperação lenta da pandemia de covid-19, instabilidades económicas, choques climáticos e um crescimento frágil na África subsaariana, de acordo com um relatório divulgado.

A erradicação da pobreza, que é o primeiro dos 17 ODS estabelecidos pela ONU, tem uma meta fixa para 2030, visando eliminar a pobreza em todas as suas formas e em qualquer lugar. No entanto, o relatório anual sobre o progresso dos ODS, apresentado pelo secretário-geral António Guterres, revela que essa meta torna-se cada vez mais distante, com 10% da população mundial a viver atualmente em pobreza extrema.

A ONU estima que, em 2023, 808 milhões de pessoas estarão em situação de extrema pobreza, uma previsão superior à anterior de 677 milhões, representando 9,9% da população global. Mais de 75% dessa população se encontra na África subsaariana ou em países vulneráveis e afetados por conflitos.

Além disso, o relatório anual dos ODS enfatiza que, uma década após a adoção da Agenda 2030, apenas 35% das metas traçadas estão a progredir de forma satisfatória, enquanto quase metade avança lentamente e 18% regrediram.

"Estamos diante de uma emergência de desenvolvimento", reconheceu António Guterres durante a apresentação do relatório na sede da ONU. Apesar dos avanços em saúde, educação, energia e conectividade digital, o ritmo de mudança continua "a ser insuficiente" para atingir os ODS até 2030.

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