A encíclica 'Rerum Novarum', de Leão XIII, foi um marco na Igreja Católica ao abordar a questão dos trabalhadores no século XIX, estabelecendo princípios de justiça social.
A encíclica 'Rerum Novarum', redigida por Leão XIII e publicada a 15 de maio de 1891, surge num contexto de transformação social provocado pela revolução industrial. Considerada o primeiro documento significativo da Igreja Católica sobre questões sociais e económicas, marca o início da doutrina social da Igreja.
No seu prefácio, a encíclica descreve a agitação social da época, mencionando a "sede de inovações" que permeia as sociedades e convida à reflexão sobre as relações entre empregadores e trabalhadores: "a alteração das relações entre os operários e os patrões, bem como a concentração de riqueza na mão de poucos em contraste com a pobreza da maioria, levou a um conflito gerador de tensões sociais".
Ao abordar os deveres dos operários, a encíclica sublinha que este "deve cumprir de forma íntegra o trabalho acordado, de forma a respeitar as condições do contrato", denotando uma preocupação com a ética do trabalho. Para os patrões, a mensagem é clara: "não devem tratar o operário como um escravo" e devem assegurar o respeito pela "dignidade do homem". Um dos principais mandatos para os patrões é fixar salários justos, avaliando vários fatores para evitar injustiças e abusos financeiros.
A 'Rerum Novarum' teve um impacto profundo e a sua mensagem ressoou ao longo dos anos, culminando em várias encíclicas posteriores de papas como Pio XI, João XXIII e Paulo VI, adaptando o entendimento da Igreja às mudanças sociais. Por outro lado, as reflexões de Santo Agostinho sobre a dignidade humana e o bem comum na vida em sociedade também são referências importantes que moldaram esse discurso.
Alguns veem na escolha do atual Papa, que pertence à Ordem de Santo Agostinho, uma continuidade dessa tradição de reflexão e ação social, levando adiante os ensinamentos que Alcançaram a relevância nos dias de hoje.