A gravação que agita a política: Interrogatórios a Biden expostos

Em meio a um clima de incerteza política, o Governo de Donald Trump tornou público um áudio com mais de cinco horas de duração que regista os interrogatórios realizados ao então Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nos dias 8 e 9 de outubro de 2023. A divulgação provocou uma onda de discussões em torno do estado cognitivo de Biden, que na altura contava com 80 anos.

A gravação, divulgada pelo portal Axios, revela momentos em que Biden se mostra incapaz de recordar datas importantes, como a morte do seu filho Beau ou o ano em que deixou o cargo de vice-presidente. O interrogatório estava relacionado com uma investigação sobre a descoberta de documentos classificados na residência privada de Biden, que datam da sua época como vice-presidente de Barack Obama, entre 2009 e 2017.

No final de 2022, uma série de documentos confidenciais foram encontrados na casa de Biden, em Delaware, e no seu antigo escritório em Washington, originando sérias questões sobre a gestão de informação sensível. A situação foi complicada ainda mais quando a descoberta surgiu logo após um caso semelhante envolvendo o ex-Presidente Trump, que viu mais de 100 documentos confidenciais serem apreendidos na sua propriedade em Mar-a-Lago, na Florida.

A legislação norte-americana obriga todos os Presidentes e vice-Presidentes a devolverem documentos oficiais ao Arquivo Nacional, tornando estas revelações ainda mais delicadas. O procurador especial Robert Hur, responsável pelo interrogatório, publicou um relatório em 2024 que concluiu não existirem provas suficientes para acusar Biden, embora tenha notado limitações significativas na sua memória, levantando questões sobre a sua capacidade de ser convincente em tribunal.

A crítica à Casa Branca foi feroz, especialmente considerando que Biden estava a preparar-se para a reeleição, enquanto cresciam as dúvidas sobre a idade e a aptidão física do político democrata. Por fim, Biden retirou-se da corrida eleitoral após um debate infeliz com Trump, passando a responsabilidade à sua vice-presidente, Kamala Harris, que acabou por perder nas eleições.

A divulgação do áudio, que a administração anterior se recusou a tornar público, coincide com um momento em que as preocupações sobre o estado mental de Biden voltam à ribalta, intensificadas por um livro recente que alega que a sua equipa terá encoberto o seu declínio. Em resposta, Trump, agora com 78 anos, afirmou: "Conheço pessoas com 89, 90, 92 e 93 anos que estão ótimas, mas Joe não é uma delas. Eles esconderam-no."

Contrastando com Biden, Trump enfrentou acusações relacionadas com a ocultação de documentos do seu primeiro mandato, que foram levadas a tribunal, mas acabaram por ser retiradas após a sua reeleição.