A cobertura das alterações climáticas e a necesidade de uma ação eficaz

Um estudo recente do Reuters Institute for the Study of Journalism, da Universidade de Oxford, expõe uma preocupação crescente relativamente à cobertura mediática das alterações climáticas, a qual se encontra bloqueada num "ciclo vicioso". Esta situação origina-se, de acordo com os investigadores, na inação generalizada da população, que hesita em alterar os seus hábitos de consumo, mesmo quando existe uma pressão social significativa para a implementação de ações climáticas.

A pesquisa revela que as redações tendem a destacar inovações tecnológicas relacionadas com o clima, mas muitas vezes não conseguem conectar estas novidades com a urgência da grave crise climática que se enfrenta. O resultado é uma narrativa que não inspira esperança nem propõe soluções viáveis, tornando-se um obstáculo à mobilização social.

Alice Fonseca, especialista em políticas ambientais da World Wide Fund for Nature (WWF) em Portugal, sublinhou, numa recente entrevista à Lusa, que a luta contra a desinformação climática é dificultada pela perceção das pessoas de que a batalha contra as alterações climáticas pode ser em vão. Embora reconheçam a seriedade do problema e a importância de agir, muitas estão confusas e desmotivadas pela vasta gama de informações contraditórias.

Segundo Fonseca, quando a informação recebida é predominantemente alarmista, sem sugestões práticas de ação, a tendência é que os indivíduos sintam que não vale a pena tentar resolver a situação, levando à paralisia.