Vucic defende polícia e responde a protestos na Sérvia
O Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, reafirma que a força policial tem sido paciente, criticando os manifestantes que desafiam a democracia.

Na última sexta-feira, o Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, emitiu uma defesa vigorosa da atuação das forças policiais durante uma entrevista na estação RTP. Esta foi a terceira noite consecutiva de confrontos entre a polícia e manifestantes, que Vucic acusou de pretenderem "destruir a democracia".
O líder sérvio descreveu a polícia como "incrivelmente paciente e tolerante", apesar de enfrentar agressões diárias. Segundo Vucic, a força policial não conseguiu proteger adequadamente a sede do seu partido, o Partido Progressista Sérvio (SNS), devido à dispersão dos agentes por várias áreas de conflito.
O Presidente afirmou que os protestantes não conseguiam aceitar opiniões divergentes e, por isso, estavam a pôr em risco o Estado democrático. "Atacam-nos porque não suportam a democracia", declarou Vucic.
Por outro lado, o comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Michael O'Flaherty, expressou preocupação com o "uso desproporcional da força por parte da polícia". Ele apelou às autoridades para que cessem as detenções arbitrárias e procurem desescalar as tensões.
Vucic também mencionou a possibilidade de antecipar as eleições legislativas, embora tenha garantido que cumprirá seu mandato até 2027, afirmando que quaisquer revisões à data de eleição devem respeitar a legalidade. O Presidente já tinha alertado a oposição para não subestimar os prazos.
Na capital, Belgrado, as autoridades confirmaram a detenção de pelo menos 38 pessoas durante os confrontos, e seis agentes policiais ficaram feridos. Além disso, relatos da imprensa referem que os serviços de emergência trataram pelo menos 10 manifestantes feridos.
Os protestos, que começaram como uma reação à falta de transparência do governo após o trágico colapso da estação ferroviária de Novi Sad, que resultou em 16 mortes, evoluíram para um apelo mais amplo contra Vucic e o SNS.
Milos Vucevic, presidente do SNS, admitiu que o partido está a considerar a antecipação das eleições para o final de 2026, embora a decisão final dependa de Vucic e das autoridades eleitorais.
A Sérvia está em busca de adesão à União Europeia, mas a manutenção de relações estreitas com a Rússia e a China, e as acusações de repressão das liberdades democráticas, marcam o seu percurso político desde a ascensão de Vucic ao poder.