Economia

Transferências suspeitas para o Sporting no centro de investigação do BESA

Transferências significativas do Banco Espírito Santo Angola para o Sporting levantam questões por falta de explicações, segundo testemunho em tribunal.

27/06/2025 14:20
Transferências suspeitas para o Sporting no centro de investigação do BESA

No decorrer do julgamento relacionado com o Banco Espírito Santo Angola (BESA), uma responsável pela auditoria ao banco, que foi solicitada pelo Banco de Portugal, revelou que várias transferências para o Sporting não foram devidamente explicadas. Vera Pita, que testemunhou em Lisboa, assinalou que, em muitos casos em que o BESA foi solicitado a prestar esclarecimentos, as respostas foram either inexistentes ou inconclusivas.

Questionada pelo Ministério Público sobre um pedido de ‘compliance’ do BES ao BESA, que visava justificar quatro transferências para o Sporting, Vera informou que, embora o pedido tenha sido feito de acordo com a legislação anti-branqueamento de capitais, não houve qualquer resposta da instituição angolana.

A responsável da consultora Deloitte enfatizou que o fato de não ter sido dado esclarecimento não implica que as operações sejam ilegais, mas que apresentam riscos acrescidos, especialmente pelo montante e pela natureza desportiva da entidade envolvida.

De acordo com a acusação, o então presidente do BESA, Álvaro Sobrinho, terá autorizado, entre 2011 e 2012, transferências que totalizam cerca de 15 milhões de euros para uma conta da Sporting SAD, utilizando fundos fornecidos pelo BES para reforçar a liquidez do BESA.

Álvaro Sobrinho, de 62 anos, é um dos cinco arguidos processados, que são acusados de desvio de fundos entre 2007 e 2012, questões relacionadas com financiamentos do BES e do BESA, e operações de descobertos bancários. Entre os outros arguidos estão Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, e Amílcar Morais Pires, que tem sido o único a declarar-se no tribunal até ao momento.

Os arguidos enfrentam acusações de abuso de confiança, burla e branqueamento de capitais, todos negando as irregularidades. O julgamento, que começou em 5 de maio, conta com a Deloitte como primeira testemunha ouvida. O BES declarou falência no verão de 2014, enquanto o BESA foi liquidado em outubro do mesmo ano.

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