Trabalhadores dos CTT no Porto mantêm greve com adesão expressiva
A greve nos centros de distribuição dos CTT no Porto teve uma adesão superior a 75%, com queixas sobre a deterioração do serviço postal e falta de pessoal.

A primeira jornada de uma greve de dois dias dos trabalhadores dos Centros de Distribuição Postal dos CTT no Porto (CDP 4.100 e 4.200) atingiu uma adesão de mais de 75%, segundo o sindicato SNTCT. Os motivos para esta paralisação incluem a "deterioração do serviço postal" e as condições de trabalho, uma vez que a falta de efetivos tem obrigado os colaboradores a realizar trabalho suplementar não compensado.
Em resposta à situação, os CTT afirmaram à agência Lusa que irão aumentar os recursos humanos nos centros com maior necessidade durante o período de férias, um aviso que já foi enviado à Comissão de Trabalhadores.
Os números reportados pelo SNTCT mostram que, no CDP 4.100, 36 dos 41 trabalhadores aderiram à greve, o que representa cerca de 87% de adesão, enquanto no CDP 4.200, 33 de 44 trabalhadores participaram, correspondendo a 75%.
O dirigente do SNTCT, Paulo Silva, expressou preocupação com a situação dos trabalhadores, que há meses enfrentam uma sobrecarga de trabalho em consequência da falta de pessoal, situação que se torna crítica durante o período de férias. Segundo ele, este ano a empresa tem reiteradamente evitado a contratação de novos trabalhadores, exacerbando uma situação já precária.
Em conjunto, faltam cerca de 85 postos de trabalho nos centros, resultando em enormes sobrecargas para os que permanecem. "É impossível conseguir executar o mesmo volume de trabalho com apenas 50 trabalhadores que teríamos com 85", acrescentou Silva. Este excesso de trabalho tem impactos diretos na qualidade do serviço, refletindo-se em atrasos na entrega de correio.
Sérgio Gaspar, um dos cerca de 30 trabalhadores que se manifestaram junto à Loja dos CTT na Rotunda da Boavista, partilhou a frustração com a atual situação. "Em sete horas, não conseguimos fazer o trabalho de duas pessoas; temos visto entregas prioritárias com atrasos de até cinco dias", lamentou.
A situação é semelhante no CDP 4.200, onde Sérgio Pereira salientou que a média de idades avançadas dos trabalhadores, como a sua, que já conta com 60 anos, torna as condições de trabalho ainda mais difíceis. Ele estimou que seriam necessários pelo menos mais 10 trabalhadores para garantir os prazos de entrega.
Os clientes têm mostrado preocupação com a ausência de entrega postal, como constatou uma residente do centro do Porto, que relatou não receber qualquer correspondência há mais de uma semana, assim como os seus vizinhos que aguardavam pensões de reforma.
Os CTT, quando questionados, não confirmaram os dados do sindicato, reafirmando que respeitam o direito à greve, lamentando os transtornos causados aos clientes.
A greve, convocada pelo SNTCT, teve início às 00:00 de segunda-feira e prossegue até às 24:00 de 1 de julho.