Tempestade em São Vicente leva a leve aumento de preços, mas abusos não são relatados
Após a tempestade que devastou São Vicente, o presidente da Câmara de Comércio assegura que, apesar da escassez, não há aumentos injustificados nos preços.

O presidente da Câmara de Comércio de Barlavento, Jorge Maurício, reconheceu hoje que a tempestade que assolou a ilha de São Vicente, resultando na morte de nove pessoas, provocou uma escassez de alguns produtos e, consequentemente, uma leve tendência de aumento de preços. Contudo, ele garante que não se verificam subidas abusivas. “É normal que, em situações de crise ou perda de stock, exista a tentação de aumentar os preços, mas não recebemos relatos de abusos generalizados. O que observei foram apenas aumentos nos preços da água e do arroz”, afirmou à agência Lusa.
O responsável informou que qualquer prática abusiva será denunciada às entidades competentes para que sejam tomadas as devidas providências, destacando a necessidade de solidariedade num momento em que a população enfrenta enormes dificuldades. “Não se deve tirar partido da vulnerabilidade das pessoas”, disse.
Jorge Maurício também observou que é comum que os preços subam em determinadas épocas do ano, como no verão, em que a procura por peixe aumenta devido ao incremento do turismo e da imigração. “O preço ajusta-se à lei do mercado”, esclareceu.
O foco, segundo Maurício, deve ser no apoio àqueles que perderam tudo na tempestade - casas, pertences e meios de subsistência. O papel das instituições financeiras tem sido fundamental, com a disponibilização de linhas de crédito específicas para o comércio e microempresas. “Estamos a coordenar o transporte de bens essenciais para garantir que as necessidades da população sejam atendidas”, adiantou.
Moradores relataram aumentos nos preços de alimentos básicos, como o arroz e a água, enquanto comerciantes observaram que as subidas se verificam, em maior medida, em produtos importados de outras ilhas.
A tempestade provocou cheias devastadoras que inundaram bairros, destruíram estradas e pontes, danificaram estabelecimentos comerciais e comprometeram o abastecimento de energia, com uma pessoa permanecendo desaparecida.
Em resposta à situação de calamidade, que foi declarada pelo Governo de Cabo Verde por um período de seis meses para São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e dois concelhos em São Nicolau, um plano estratégico de resposta está em marcha. Este plano visa fornecer apoio de emergência a famílias e atividades económicas, incluindo linhas de crédito com juros reduzidos e subsídios. O Governo utilizará recursos do Fundo Nacional de Emergência e do Fundo Soberano de Emergência, criado para situações de catástrofes naturais e choques económicos.
Recentemente, um navio da Marinha portuguesa atracou em São Vicente, trazendo 56 militares, equipamentos de remoção de escombros, uma dessalinizadora para o hospital, drones para recolha de imagens aéreas em áreas de difícil acesso e mergulhadores prontos para apoiar a comunidade.