Taipé expressa rejeição à nova rota aérea chinesa nas proximidades do Estreito
Taiwan manifestou hoje a sua oposição à recente criação da extensão da rota M503 pela China, considerando esta decisão um fator de agravamento das tensões regionais.

A cidade de Taipé manifestou hoje a sua forte desaprovação à “decisão unilateral” da China, que decidiu abrir uma nova extensão da rota aérea M503, situada próxima à linha média do Estreito de Taiwan. As autoridades taiwanesas consideram esta medida como um fator que “inibe a estabilidade” na área.
A Administração de Aviação Civil da China fez o anúncio no domingo sobre a introdução da nova rota W121, que representa a terceira extensão da polémica rota M503. Esta, pela sua proximidade à linha divisória não oficial entre Taiwan e a China, tem sido alvo de contestação por parte de Taipé.
O Conselho para os Assuntos do Continente de Taiwan (MAC) apelou à China, segundo informações da agência de notícias CNA, para que "inicie conversações rapidamente" sobre o tema, reiterando que a nova decisão "desrespeita o consenso existente entre as duas margens do Estreito".
O MAC também alertou que, em um cenário de tensões crescentes entre as duas entidades, o governo chinês deveria cessar “ações unilaterais que aumentam a instabilidade regional e não são bem vistas por nenhuma das partes envolvidas”.
Chen Binhua, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, respondeu afirmando que a nova rota W121 "trará benefícios para as populações dos dois lados do Estreito". De acordo com Chen, a medida é destinada a aliviar a congestão do tráfego aéreo, aumentar a segurança na aviação e minimizar os atrasos nos voos.
A rota M503, que a China implementou em 2015 na Região de Informação de Voo de Xangai, ficou próxima da Região de Informação de Voo de Taipé. Após discussões, a China aceitou desviar a rota a seis milhas náuticas (aproximadamente 11 quilómetros) da sua trajetória original.
No entanto, em 30 de janeiro de 2025, Pequim anunciou planos para aproximar a rota da linha média do Estreito a partir de 1 de fevereiro.
Por várias décadas, tanto Pequim quanto Taipé respeitaram a linha média do Estreito como uma fronteira tácita. Contudo, a situação alterou-se após a visita da então presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan em agosto de 2022, resultando em um aumento da atividade militar chinesa além dessa linha.
A introdução da rota W121 ocorre apenas dias antes do início dos exercícios militares anuais Han Kuang, que simulam uma situação de conflito total com a República Popular da China.