SNPVAC critica Governo por falta de comunicação com trabalhadores da TAP

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) expressou hoje a sua indignação face à forma como o Governo tratou os trabalhadores da TAP, revelando que souberam da nomeação do novo presidente do Conselho de Administração e do início do processo de privatização da companhia aérea através de um anúncio feito aos meios de comunicação social.

A direção do SNPVAC, em comunicado dirigido aos seus associados e com informação difundida pela Lusa, afirmou: "O anúncio do novo 'chairman' [presidente do Conselho de Administração] é, mais uma vez, uma clara demonstração da falta de respeito que este Governo teve para com os trabalhadores do grupo TAP, o que afecta gravemente a relação entre o executivo e os sindicatos."

O sindicato lamentou que a informação sobre a privatização e a nomeação de Carlos Oliveira, antigo secretário de Estado durante a 'troika', tenha chegado aos trabalhadores através de uma declaração do primeiro-ministro, Luís Montenegro, na passada quinta-feira. "Em relação a Carlos Oliveira, esperamos que tenha uma abordagem mais comunicativa e participativa do que o seu antecessor, Manuel Beja, e que esteja preparado para as exigências deste processo", acrescentou.

Relativamente à reprivatização, o SNPVAC considerou "incompreensível e irresponsável" as decisões recentemente anunciadas pelo Governo, que demonstram uma "ânsia quase doentia" por realizar a privatização da maior empresa do país sem salvaguardas adequadas.

O sindicato também acusou o Governo de dirigir suas declarações ao eleitorado em vez de se comunicar com os trabalhadores da companhia, baseando todo o processo em motivações políticas em vez de interesses económicos. A direção do SNPVAC manifestou, portanto, a sua preocupação quanto à falta de protecção dos interesses laborais e reiterou a sua disposição para participar na elaboração de um caderno de encargos que defenda os direitos de todos os envolvidos.

Na mesma quinta-feira, o Governo aprovou um decreto-lei que estabelece a reprivatização de 49,9% do capital da TAP, com 44,9% a ser disponibilizado para investidores e 5% reservado para os trabalhadores. Espera-se que o processo esteja concluído dentro de um ano, embora o preço ainda não tenha sido divulgado.

Carlos Oliveira, ex-presidente da InvestBraga, assumiu o cargo de presidente do Conselho de Administração da TAP após a decisão de separar as funções do presidente da Comissão Executiva e do Conselho de Administração, ambas na responsabilidade de Luís Rodrigues desde 14 de abril de 2023.