Cultura

Romeiros de São Miguel Reconhecidos como Património Cultural Imaterial

há 5 horas

A rica tradição das romarias quaresmais de São Miguel, nos Açores, foi oficialmente integrada no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, celebrando a sua importância histórica e cultural.

Romeiros de São Miguel Reconhecidos como Património Cultural Imaterial

A tradição religiosa dos romeiros de São Miguel, na região dos Açores, obteve o merecido reconhecimento ao ser inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. A decisão, que foi publicada no Diário da República, resulta de um despacho do instituto público Património Cultural datado de 26 de março de 2025.

No documento oficial, destaca-se a relevância desta prática como uma manifestação "identitária da população da ilha de São Miguel". Os diversos ranchos de romeiros que existam neste contexto também se têm expandido a outras ilhas do arquipélago açoriano.

Além disso, a nota de imprensa do instituto ressalta as dinâmicas contemporâneas das romarias quaresmais, bem como os métodos de transmissão desta tradição entre gerações, que envolvem muito ativamente as comunidades locais.

Antigamente conhecidas como Visita às Casinhas de Nossa Senhora, as romarias quaresmais são um fenómeno etnográfico que cativa pelo seu carácter singular e pela sua durabilidade ao longo dos séculos.

O instituto sublinha igualmente o "espírito de união e fraternidade" que caracteriza o percurso dos romeiros nas estradas de São Miguel. Esta tradição foi já exportada para outras ilhas, como a Terceira, Graciosa e Santa Maria, e é celebrada na diáspora, especialmente no Canadá e nos Estados Unidos.

Valorizando ainda mais o evento, o Movimento de Romeiros de São Miguel, responsável pela proposta de inscrição, sublinha a importância das romarias infantojuvenis realizadas em escolas, bem como as romarias femininas, que têm lugar desde 2004.

João Carlos Leite, presidente do grupo coordenador do Movimento, afirmou que esta inscrição potencializa a visibilidade de uma prática com mais de 500 anos, cujo impacto "fortemente implantado" tem possibilidades de crescimento. Segundo Leite, a iniciativa é um "movimento intergeracional" que procura integrar os jovens nas tradições locais.

As romarias da Quaresma surgiram como um desdobramento dos trágicos eventos sísmicos e vulcânicos que devastaram a ilha no século XVI. Os romeiros, vestidos com xaile, lenço, bordão e terço, realizam percursos de fé e reflexão, visitando igrejas e ermidas, sempre com o mar à esquerda.

Os ranchos de romeiros iniciam a sua jornada no fim-de-semana pós-Quarta-feira de Cinzas e retornam às suas localidades natalícias na Quinta-feira Santa, enquanto dormem em casas particulares ou salões paroquiais durante a sua peregrinação.

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#PatrimónioCultural #RomeirosDeSãoMiguel #TradiçãoAçoriana