Rentabilidade dos Bancos Europeus Resiste a Desafios Geopolíticos
Apesar da instabilidade global, os bancos europeus mantiveram uma sólida rentabilidade no primeiro trimestre, sem sinais de deterioração significativa nos ativos.

A Autoridade Bancária Europeia (EBA) revelou, num relatório de risco publicado recentemente, que os bancos europeus conseguiram sustentar níveis de rentabilidade altos e estáveis durante o primeiro trimestre, mesmo face às incertezas geopolíticas e ao embate comercial iniciado pelos EUA. Não foram observados indícios de deterioração relevante na qualidade dos ativos.
Embora a EBA não forneça números agregados para este período, a análise aponta um crescimento global de cerca de 9,1% nos lucros em 2024, resultando numa rendibilidade dos capitais próprios (RoE) de 10,5% nos últimos três meses — um ligeiro aumento em relação aos 10,4% do mesmo trimestre do ano anterior.
Este desempenho notável foi alcançado mesmo com as reduções nas taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), que, por sua vez, afetaram as margens dos bancos. No entanto, estes conseguiram equilibrar essa diminuição através do aumento das receitas provenientes de comissões e operações de mercado.
Nos próximos seis a doze meses, os bancos preveem que grande parte da sua rentabilidade venha dessa área, apontando para uma contribuição superior a 60% do total, em contraste com cerca de 50% anteriormente. As receitas de juros, por outro lado, deverão representar uma fatia ligeiramente menor, cerca de 35%.
O ano passado testemunhou o auge da rentabilidade das instituições europeias no terceiro trimestre, com um RoE de 11,1%. As diferenças entre os países analisados pela EBA, que inclui os bancos da União Europeia e do Espaço Económico Europeu, são marcantes. No último trimestre, Itália revelou um RoE de 14,7%, Espanha de 14,6%, enquanto Roménia, Hungria e Chipre ultrapassaram os 20%, contrastando com a média de 6,6% registada por Alemanha e França.
A EBA expressa preocupação com as tensões geopolíticas e os possíveis impactos da guerra comercial iniciada por Donald Trump, alertando que as economias da UE são particularmente vulneráveis devido à sua dependência do comércio internacional. Os setores mais ameaçados incluem o automóvel, farmacêutico, siderúrgico e agrícola.
Além disso, alguns bancos detêm uma notável exposição a essas indústrias e à dívida soberana dos EUA. A Alemanha é o país com maior exposição, superior a 10%, seguida por França, Países Baixos e Espanha com exposições significativas à ordem de cerca de 8%.
Os autores do relatório enfatizam que os riscos geopolíticos influenciam diversos aspetos das operações bancárias, sublinhando a importância de integrar estas considerações nos processos empresariais.
No ano passado, os bancos aumentaram os ativos em 3,2%, totalizando 28,2 biliões de euros. A quota-parte dos créditos não produtivos aumentou ligeiramente para 1,88% no final do ano, um valor ainda assim baixo em termos históricos, representando um montante de 375.000 milhões de euros, mais 10.000 milhões do que no ano anterior.