Rádio Ómega de Burkina Faso suspensa por críticas às autoridades

A Rádio Ómega, uma das emissoras mais populares de Burkina Faso, foi punida com uma suspensão de três meses devido a um artigo que caracterizou as autoridades militares resultantes de um golpe de Estado como "uma junta". Esta decisão foi anunciada pelo Conselho Superior de Comunicação (CSC), que afirmou que a licença de emissão da rádio está suspensa, impossibilitando-a de transmitir ou publicar conteúdo, tanto na rádio como nas suas plataformas digitais.

O CSC identificou, no dia 30 de julho, "violações" em uma publicação na página de Facebook da rádio, a qual incluía "comentários maliciosos e desrespeitosos" contra as autoridades do país. O artigo, que abordava uma manifestação em Uagadugu para homenagear um influenciador falecido detido na Costa do Marfim, diz que "a Costa do Marfim é frequentemente acusada pela junta burquinense de abrigar opositores e incitar conspirações".

O CSC argumentou que a expressão "junta burquinense" é inadequada e insultante, revelando um desdém pelas autoridades e ofendendo gravemente a sua dignidade. Apesar de ter retirado as palavras consideradas inapropriadas e de ter pedido desculpas aos leitores, a rádio ainda enfrenta a pressão por um pedido de desculpas oficial.

Vale lembrar que esta não é a primeira vez que a Rádio Ómega enfrenta problemas com as autoridades. Em agosto de 2023, a emissora já havia sido suspensa por um mês devido a uma entrevista que continha comentários depreciativos sobre as novas autoridades do Níger. Desde que Ibrahim Traoré assumiu o poder em setembro de 2022, após um golpe que destituiu Paul-Henri Sandaogo Damiba, diversos meios de comunicação no Burkina Faso foram alvo de suspensões, e jornalistas enfrentam riscos e censura, incluindo expulsões e exílios.