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Queda acentuada nos salários reais no Japão levanta alarmes antes das eleições

Os trabalhadores japoneses enfrentam a maior queda nos salários reais desde setembro de 2023, pressionando o Governo a agir antes das eleições de 20 de julho.

há 14 horas
Queda acentuada nos salários reais no Japão levanta alarmes antes das eleições

Os cidadãos do Japão estão a enfrentar uma significativa diminuição nos seus salários reais, que desceram 2,9% em maio em comparação com o ano anterior. Esta queda ultrapassa a previsão dos economistas, que apontavam para uma redução de 1,7%, conforme o relatório do Ministério do Trabalho do Japão.

Embora os salários nominais tenham registado um aumento de 1% em relação ao ano passado, este crescimento foi prejudicado por bónus menores, resultando numa subida abaixo do esperado. Tal situação agrava as preocupações do Banco do Japão (BoJ) relativamente à possibilidade de uma subida das taxas de juro.

A recente redução nos salários reais coloca pressão extra sobre a coligação no poder, que enfrenta a iminência das eleições a 20 de julho, com 124 dos 248 membros da câmara alta do parlamento a serem escolhidos para um novo mandato de seis anos.

A insatisfação crescente entre os eleitores está a forçar os líderes políticos a desenvolverem soluções mais eficazes para lidar com o elevado custo de vida. Em maio, a taxa de inflação no Japão foi de 3,7%, superando o objetivo de 2% fixado pelo BoJ, impulsionada por aumentos significativos nos preços essenciais, como alimentos e serviços.

Em resposta, o Partido Liberal Democrático, liderado pelo primeiro-ministro Shigeru Ishiba, anunciou uma ajuda monetária de 20 mil ienes (cerca de 118 euros) a ser recebida por cada adulto, juntamente com outras iniciativas destinadas a promover o crescimento salarial. No entanto, sondagens recentes indicam que esta medida não tem ressonância junto dos eleitores, que parecem preferir a proposta do Partido Democrático Constitucional, a principal força de oposição, que sugere uma redução do IVA.

Por outro lado, os recentes aumentos nos salários nominais podem proporcionar ao BoJ alguma flexibilidade para futuras elevações das taxas. O banco central está a ponderar os próximos passos num cenário de incerteza nas negociações tarifárias com os Estados Unidos.

O relatório destaca que o salário base registou um aumento de 2,1%, enquanto um subindicador que exclui bónus e horas extraordinárias mostrou um incremento de 2,4% nos salários dos trabalhadores a tempo inteiro, mantendo-se acima de 2% durante quase dois anos.

A próxima decisão do BoJ está agendada para 31 de julho, e os analistas antecipam que o banco central deverá manter a sua taxa de juros de referência em 0,5%.

#Japão #Salários #Eleições2023