A Maternidade Alfredo da Costa permitiu que várias grávidas, como Bruna, recebessem cuidados domiciliários durante a gestação de alto risco, melhorando a qualidade de vida das mães e bebés.
Bruna Rodrigues, aos 26 anos e com uma gravidez de alto risco, enfrenta uma nova realidade. Desde 17 de abril, esta grávida de quase 29 semanas está internada em casa, com o suporte da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) em Lisboa. Após uma estadia de dez dias na Unidade de Internamento de Medicina Materno-Fetal, prontamente estabilizada, Bruna recebeu autorização para o internamento domiciliário.
A equipa multidisciplinar que a acompanha inclui as obstetras Fátima Palha e Inês Antunes e as enfermeiras especialistas Catarina Teixeira e Patrícia Coelho, proporcionando um acompanhamento contínuo e tranquilo. "Estar em casa é incomparavelmente melhor do que estar no hospital", confidenciou Bruna à agência Lusa, referindo-se à redução das dores e ao aumento da serenidade que sente agora.
No conforto do lar, Bruna monitora a sua saúde, controlando a tensão arterial e realizando registos cardiotocográficos (CTG), que reporta durante as videoconsultas diárias, além de uma consulta presencial aos sábados. A enfermeira Patrícia Coelho frisou que as grávidas recebem formação específica e os aparelhos necessários para facilitar a automonitorização, sempre com o auxílio de um acompanhante.
O projeto de hospitalização domiciliária da MAC, que teve início há um ano e é pioneiro em Portugal, foi idealizado por Inês Antunes. Durante o seu internato, verificou que muitos internamentos eram prolongados para casos que podiam ser geridos fora do hospital. A sua inspiração surgiu de experiências internacionais, embora a implementação tenha enfrentado desafios, especialmente a nível de recursos humanos e tecnológicos.
Atualmente, o projeto é direcionado a grávidas que já estiveram internadas, entre as 24 e as 32 semanas de gestação, com risco de parto prematuro. O sistema visa, sobretudo, diminuir a necessidade de internamentos prolongados, que podem chegar a até semanas, e garantir que as mulheres se sintam apoiadas e mais confortáveis.
Constantemente monitorizadas, as grávidas que apresentam riscos mas estão estabilizadas podem ser internadas em suas casas, desde que possuam condições sociais adequadas e se encontrem a uma distância razoável da maternidade. Catarina Teixeira destacou a importância deste critério para assegurar a intervenção rápida em caso de complicações, garantindo um desfecho positivo para a gravidez.
Fátima Palha enfatizou que a redução do internamento não só melhora a qualidade de vida das grávidas, como também contribui para a liberação de camas no hospital. Apesar da iniciativa ter capacidade para três internamentos domiciliários actualmente, há planos para expansão, que requererão mais recursos e equipas. Cristina Almeida, administradora hospitalar, considerou este projeto uma mais-valia significativa para o sistema de saúde e para as pacientes.