Preferência pela Democracia entre Jovens Europeus Cai, Aumentando Apoio a Políticas Autoritárias
Estudo revela que uma parte considerável dos jovens europeus manifestam preferência por regimes autoritários. Insatisfação com sistemas políticos e preocupações sociais agravam cenário.

A maior parte dos jovens europeus indica uma clara preferência pela democracia, embora surpreendentemente, mais de 20% considere a possibilidade de um governo autoritário, conforme um estudo divulgado recentemente.
Segundo Thorsten Faas, politólogo da Universidade Livre de Berlim, "entre os jovens que se identificam politicamente à direita do centro e que se sentem economicamente vulneráveis, o apoio à democracia desce para apenas um terço".
O estudo, realizado pelo instituto YouGov para a Fundação Tui — que financia iniciativas para a juventude na Europa — indica que 57% dos jovens entrevistados preferem a democracia a outras formas de governo, com a Alemanha a registar a maior taxa de aprovação (71%).
A Fundação Tui realiza esta análise desde 2017 e, neste ano, inquiriu 6.700 jovens, entre 16 e 26 anos, em países como Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Itália, Grécia e Polónia.
Além disso, houve um aumento na crítica à imigração: 38% dos jovens acreditam que as políticas migratórias devem ser mais restritivas, comparado com 26% em 2021. A Polónia, Grécia e Espanha são os países com as opiniões mais céticas, enquanto a Itália apresenta um índice menor.
O estudo também revela uma elevada insatisfação com os sistemas políticos nacionais; somente 6% dos participantes consideram que o seu sistema funciona bem e não necessita de alterações. Na Alemanha, essa taxa é de apenas 9%.
Embora a adesão à União Europeia (UE) seja geralmente vista de forma positiva por 66% dos jovens, com os alemães a atingirem 80%, 40% expressam que a UE não é particularmente democrática. A crítica mais comum é a de que a instituição se preocupa demasiado com minúcias em vez de focar nos aspectos essenciais, com 51% concordando que "a UE é uma boa ideia, mas mal implementada". Os jovens gregos manifestam maior descontentamento.
Além disso, a representação no Parlamento Europeu tem diminuído. Em 2019, 21% sentiam-se bem representados, mas esse número caiu para 15% agora.
Faas enfatiza que "a percepção sobre o sistema político está ligada à experiência do dia a dia". Apesar dos desafios, há uma possibilidade de mudança, se os jovens receberem o apoio que necessitam.
Atualmente, apenas 37% dos jovens descrevem a sua situação financeira como "bastante boa", e 66% não se sentem seguros nas ruas à noite, enquanto 53% dizem sentir insegurança em locais de entretenimento.
Por último, o espectro político entre os jovens revela 19% à direita, um aumento em relação aos 14% de há quatro anos. Trinta e três por cento consideram-se centristas, e 32% à esquerda, enquanto 16% não se pronunciaram.