"Papa denuncia a fome como arma de guerra em mensagem à FAO"
O Papa Leão XIV alertou para a crescente utilização da fome como estratégia bélica, durante a conferência da FAO em Roma, sublinhando as graves consequências para a humanidade.

O Papa Leão XIV expressou, na sua intervenção na 44.ª conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em Roma, a sua profunda indignação pelo uso da fome como uma arma de guerra. "Estamos a presenciar com grande preocupação a exploração do sofrimento humano através da fome. Matar pessoas à fome é uma forma extremamente económica de conduzir uma guerra", declarou o pontífice de origem norte-americana.
Emboranão tenha mencionado diretamente o conflito em Gaza ou a luta entre Israel e o Hamas, Leão XIV enfatizou a necessidade urgente de acabar com a miséria alimentar global, apoiando todas as iniciativas que visem este objetivo. Destacou também o impacto dos conflitos na segurança alimentar, observando que "atualmente, a maioria dos confrontos é travada não por exércitos convencionais, mas por grupos civis armados de forma precária, que destroem terras e saqueiam bens essenciais".
Segundo o Papa, bloquear a ajuda humanitária tornou-se uma estratégia comum entre aqueles que buscam dominar populações desprotegidas, onde as infraestruturas de água e comunicação se tornam os alvos preferenciais. "Os agricultores, ameaçados pela violência, enfrentam enormes dificuldades para comercializar os seus produtos, o que resulta numa espiral de inflação e na crescente crise alimentar", afirmou.
Leão XIV alertou que essa situação empurra milhões para o abismo da fome, acentuando a desigualdade, já que enquanto os civis padecem, os líderes políticos prosperam com os rendimentos oriundos do conflito. "As crises políticas, as guerras e a instabilidade econômica desempenham um papel crucial na degradação da situação alimentar, complicando a assistência humanitária e comprometendo a produção agrícola que é vital para a subsistência das pessoas", acentuou.
Para o Sumo Pontífice, ignorar as feridas infligidas pelo egoísmo e pela falta de solidariedade é um "erro trágico". Ele alertou que sem a instauração da paz e da estabilidade, será impossível estabelecer sistemas alimentares e agrícolas robustos que garantam um fornecimento adequado, acessível e sustentável para toda a humanidade.