ONG angolanas criticam corte de internet durante manifestações pacíficas
Organizações da sociedade civil em Angola denunciam como antidemocrático o corte de internet aplicado durante os protestos contra aumentos de combustíveis e propinas escolares, exigindo responsabilidades.

Organizações não governamentais em Angola, como OMUNGA, Friends of Angola, Upange, FORDU e ALDA, manifestaram a sua indignação em relação ao corte de internet ocorrido no passado sábado. Este ato é considerado por estas entidades uma violação dos direitos democráticos de reunião e manifestação.
No dia 19 de julho de 2025, o governo angolano, sob a liderança do Presidente João Lourenço, suspendeu os serviços de internet durante oito horas em todo o país. Este corte coincidiu com uma série de manifestações em várias províncias, onde os cidadãos se mobilizaram contra os aumentos nos preços do gasóleo e das propinas escolares.
A nota divulgada pelos grupos cívicos indica que todas as marchas tiveram início às 13:00 horas, precisamente no momento em que se observou uma diminuição significativa da utilização da internet, sugerindo assim um corte coordenado para limitar a informação sobre os protestos.
As associações sublinham que tal atuação é uma clara violação da Constituição da República de Angola, e que as tecnologias de informação, em especial as redes sociais, têm servido como uma alternativa aos meios de comunicação públicos, que geralmente não refletem a verdadeira realidade das preocupações da população.
As organizações consideram que o corte de internet foi uma medida a serviço de uma 'Ordem Superior', destinada a amortecer o impacto das manifestações pacíficas. Reiteram ainda um pedido à Procuradoria-Geral da República para investigar o caso e responsabilizar quem tomou essa decisão que teve implicações negativas para os cidadãos.
Nas redes sociais, a indignação com o sucedido foi generalizada, com muitos a criticar o ato como uma tentativa de silenciar os protestos contra os aumentos das tarifas de combustível, serviço de táxi e propinas escolares.
A empresa Angola Cables, uma multinacional de telecomunicações, informou que o acesso à internet foi comprometido devido a uma avaria causada por obras públicas que cortaram as interligações em fibra ótica, afetando diversos operadores de internet.